O BNDES elaborou um grande plano de resgate do Centro do Rio de Janeiro, a partir da revitalização de 46 imóveis que estão abandonados ou subutilizados. Alguns deles têm grande importância histórica. O masterplan foi inspirado em experiências internacionais e tem o objetivo de redefinir o cenário urbano e reverter a tendência de esvaziamento populacional e de degradação da região, agravados pela pandemia de covid-19. É o que explica Osmar Lima, chefe do Departamento de Estruturação de Projetos com Ativos Imobiliários Públicos do BNDES.
"Muito além de restaurar, a gente busca trazer de volta a função social daquele imóvel. A gente fez um cruzamento de usos com estratégias, então dos usos a gente tem os tradicionais. Então, o imóvel ele pode ser residencial, ele pode ter uso misto (residencial/ comercial), pode ser um não residencial - que a gente chamou então comercial, vamos dizer assim escritório. E o que a gente chamou de institucional, que abrigar algum órgão de governo, algum ente público. Isso do ponto de vista dos usos. A gente poderia para cada um imóveis de pensar com essa ótica. mas a gente cruzou isso com a ótica das estratégias, então a gente também precisava colocar esses imóveis dentro de uma estratégia do que a gente quer fazer com o centro. E ai tinham dois vetores que elas são muito claros no estudo, um vetor é trazer mais gente para morar no centro e o segundo vetor é trazer dinamismo econômico para a região central”.
Atualmente, o centro da capital fluminense tem um fluxo de 800 mil pessoas por dia, mas menos de 50 mil moradores. Por isso, alguns imóveis selecionados foram classificados como âncoras de território, espaços capazes de desencadear um grande movimento de transformação ao seu redor. Um dos principais é a Estação de Trem da Leopoldina, fundada em 1926 e abandonada desde 2002. O banco sugere que o prédio histórico seja restaurado e utilizado para fins comercial, institucional e educacional, e ressalta que ele fica dentro de um terreno com mais de 100 mil metros quadrados que pode receber residências e até ser transformado em um novo bairro. Com a vantagem de estar no Centro, próximo de diversas opções de transporte, comércio e serviços. Atualmente, a Leopoldina pertence à União, mas a Prefeitura já manifestou interesse em tomar o terreno para revitalizá-lo.
A superintendente da área de estruturação de projetos do banco, Luciene Machado, ressalta que diversas cidades do Brasil têm esse mesmo problema de abandono das regiões centrais. O banco, inclusive, já está elaborando um plano semelhante para a Avenida Guararapes, uma das principais vias do Centro de Recife e está disponível para outras parcerias
Além das intervenções em edificações e terrenos, o plano também prevê adaptação climática, com o sombreamento de vias, espaços verdes, drenagem eficiente de águas pluviais e infraestrutura sustentável, incluindo a construção de telhados verdes. O masterplan já foi entregue à Prefeitura do Rio de Janeiro e o BNDEs já está trabalhando com o Ministério das Relações Exteriores na estruturação da reforma de um prédio anexo ao Palácio do Itamaraty, que pode ser repassado para uso comercial, e ajudar a financiar as atividades culturais do Palácio.