Uma pesquisa lançada nesta quarta-feira (3) pelo Observatório das Favelas aponta que a violência armada é um dos principais desafios enfrentados por iniciativas lideradas por mulheres nas favelas e periferias da região metropolitana do Rio de Janeiro.
O estudo, intitulado “Mulheres, Ativismo e Violência: a luta por direitos nas favelas e periferias do Rio de Janeiro", aponta que 60% das participantes relataram que tiveram suas atividades impactadas por confrontos armados. As operações policiais foram responsáveis por pouco mais de 50% dos confrontos que causaram a interrupção dos trabalhos das organizações.
A coordenadora executiva da área de direito à vida e segurança pública, Thais Gomes, exemplifica quem são essas mulheres. “A gente está falando de uma mulher que está lá no seu bairro e ela abre um reforço escolar. Enquanto aquela criança está lá fazendo o seu reforço escolar, com uma professora voluntária, ela está trocando uma ideia com a mãe daquela criança sobre violência doméstica, sobre experiências de saúde da mulher, enfim, isso é um trabalho de defesa de direitos humanos naquele território”.
A especialista destaca também que muitas dessas mulheres procuram o ativismo devido a experiência direta com violência. “Seja uma violência que é experenciada de uma maneira mais drástica, de uma maneira, mais clássica, contra o corpo dela, contra alguém da família dela, como uma experiência de violência doméstica, uma experiência de LGBTfobia, de violência policial. Seja porque ela trabalha num lugar onde ela observa a violência institucional acontecendo ali cotidianamente”.
Outro ponto do estudo é a questão dos mecanismos de proteção para essas mulheres ativistas. As violências que aparecem como mais recorrentes, e que fazem com que as atividades precisem acionar mecanismos de proteção, são a violência policial, a violência relacionada a grupos armados e a violência política.
Além disso, outro desafio apontado na pesquisa é a dificuldade no acesso a recursos. Apenas 23,5% das iniciativas tinham algum tipo de apoio para que fossem realizadas.
Thais Gomes reforça as consequências desta escassez de verbas. “Se a gente não tem recurso, a gente tem muito pouco, menos mecanismo de prevenção à violência, e a gente também tem uma fragilização estrutural nessas atuações”.
As organizações e coletivos mapeados na pesquisa atuam em temas como educação, cultura, saúde e acesso à justiça. Do total das iniciativas, 70% estão situadas na capital, em especial na zona norte da cidade do Rio; 19% na Baixada Fluminense; 10% na região da Grande Niterói; e 1% tem abrangência metropolitana.
*Com informações da Agência Brasil.