RS: moradores de Roca Sales vivem dilema de migração e reconstrução
O município gaúcho Roca Sales tenta se reconstruir em meio a uma onda de migração de quem não acredita mais na viabilidade da cidade, que fica às margens do Rio Taquari, uma das regiões mais afetada pelas enchentes que devastaram o Rio Grande do Sul em maio.
Nossa reportagem visitou o município pouco mais de 50 dias após a maior catástrofe climática do estado e viu casarões completamente abandonados por moradores que temem em voltar a investir nas residências. O município já havia sofrido com outra grande enchente em setembro do ano passado e foi inundado quatro vezes no intervalo de 10 meses.
O policial civil Glauco Kummer, de 45 anos, contou que a água subiu um metro acima da residência que têm primeiro andar.
"A outra já tinha tampado o telhado. Mas nessa foi maior e arrancou todo o telhado fora. O prejuízo é muito maior pra refazer o telhado. Limpado a casa. A expectativa do meu pai voltar é mínima. Aqui acho que não volta mais. Está todo mundo muito abalado. Aqui na frente mora meu tio, que não vai mais mexer na casa. Não volta mais também, já saiu da cidade".
Outro problema enfrentado pelos moradores é o aumento dos preços dos terrenos, das casas e dos aluguéis após as enchentes. De acordo com a prefeitura, 400 famílias seguem sem imóveis.
Em Roca Sales, quase toda a área urbana ficou embaixo d’água e a prefeitura defende transferir o centro, onde vivem cerca de 40% dos 10 mil habitantes da cidade, para um local mais alto.
Enquanto alguns querem migrar, outros moradores vão tentar reconstruir a cidade. A comerciante Raquel Lima, de 48 anos, estava limpando a loja para tentar reabri-la na próxima semana. Ela contou que estava se reerguendo da enchente de setembro
"Eu estava começando a me reerguer. Vamos ver depois. Porque foi bastante gente embora. Vamos ver o quê que dá. Eu espero que melhore. Eu estou com bastante esperança que vai dar certo e que nós vamos conseguir nos reerguer".
A prefeitura de Roca Sales estima uma perda de receita de 40% neste ano por conta da enchente. O prefeito Amilton Fontana, do MDB, diz que a situação ainda está precária, em especial, o acesso às comunidades da zona rural do município. Para Amilton Fontana, a prioridade é a habitação.
"Não adianta querer arrumar uma rua e não ter a casa para as pessoas morarem. O que vai segurar as pessoas na cidade é a habitação".
O Ministério das Cidades publicou nos últimos dias as regras para a construção de 2 mil casas em áreas rurais atingidas pelas enchentes no Rio Grande do Sul. Estão previstas ainda outras 10 mil casas para áreas urbanas, tudo dentro do programa Minha Casa Minha Vida. O valor das residências pode ir até R$ 200 mil
Da Agência Brasil para Rádio Nacional.
