Lessa e Queiroz detalham planejamento da execução de Marielle
O julgamento dos ex-policiais militares Ronnie Lessa e Élcio Queiroz, acusados dos assassinatos da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes, foi retomado nesta quinta-feira (31).
O primeiro dia do julgamento, nessa quarta-feira, terminou perto de meia-noite. A juíza Lúcia Glioche, titular do quarto Tribunal do Juri do Rio de Janeiro, determinou a suspensão da audiência logo após o último dos nove depoimentos de testemunhas e dos dois réus confessos.
O primeiro acusado a ser interrogado foi Ronnie Lessa, por videoconferência. Ele está preso no Complexo Penitenciário de Tremembé, em São Paulo.
Logo no início do depoimento, Lessa explicou que a proposta inicial recebida pelo ex-PM Edmilson de Oliveira da Silva, conhecido como Macalé, era executar o ex-deputado federal Marcelo Freixo, ao que o réu afirmou ser uma “loucura”.
Meses mais tarde, foi procurado novamente por Macalé com a mesma proposta, mas com um novo alvo, a vereadora Marielle Franco. Lessa explicou que a parlamentar atrapalharia a venda de loteamentos na zona oeste do Rio.
Na sequência, o réu Élcio Queiroz foi ouvido, também por videoconferência. Ele está preso no Complexo da Papuda, em Brasília.
Ele relatou quando teve contato pela primeira vez com o carro usado no crime e afirmou que, na virada de ano de 2017 para 2018, Lessa lhe contou que estava envolvido em um trabalho de execução por encomenda.
Queiroz contou ainda que foi convidado por Lessa para participar do assassinato apenas no dia do crime, e que não conhecia a vereadora. Depois dos disparos, os dois fugiram em direção à zona norte.
Pelos crimes de morte, o Gaeco, Grupo de Atuação Especializada de Combate ao Crime Organizado do Ministério Público do Rio de Janeiro, vai pedir a condenação máxima, que pode chegar a 84 anos de prisão.
Os acusados de serem mandantes dos crimes são os irmãos Chiquinho e Domingos Brazão. O delegado Rivaldo Barbosa, chefe da Polícia Civil do Rio de Janeiro na época do crime, é acusado de ter prejudicado as investigações. Os três estão presos desde março deste ano, depois das delações premiadas de Élcio e Ronnie.