Cinco anos depois do terremoto que devastou o Haiti, o acesso a água segue como um dos principais problemas do país. Na capital, Porto Príncipe, esse é um desafio diário para mais de dois milhões de habitantes. Muitos deles disputam espaço em torno de poços de água.
A haitiana Gilana Paul conta que caminha muito para chegar até um dos poços e sente dores pelo corpo por causa do peso dos baldes. Jose Joseph lava a roupa de oito pessoas nas proximidades do poço. Ela já teve água encanada em casa, mas perdeu tudo com o terremoto. Além da falta d'água, ela enfrenta dificuldade para encontrar emprego.
Os rios da capital haitiana, em sua maioria, estão sujos e assoreados. A cidade não tem coleta e é comum encontrar pilhas de lixo sendo incineradas. Como também não há saneamento básico, o esgoto desemboca nos rios.
Mas o problema da falta de água não é exclusivo de Porto Príncipe. A pouco mais de cento e noventa quilômetros ao sul da capital está a cidade de Les Cayes. Por lá também é comum encontrar famílias com balde d'água na cabeça.
O agricultor Louis Jano conta que paga caro para conseguir água. O galão de cinco litros é vendido a 25 centavos de dólar. A maior parte da população vive com pouco mais de um dólar por dia. O agricultor aguarda a construção de poços artesianos próximos de sua casa.
Os militares da Minustah, Missão das Nações Unidas para a Estabilização no Haiti, atuam na construção de poços artesianos em todo o país. O tenente-coronel do Exército e comandante da engenharia da Força de Paz, Luís Cláudio Brion Cardoso, fala dos desafios desse trabalho.
“A maior dificuldade é o solo, o terreno aqui é muito pedregoso, então ocorre uma demora maior em relação aos outros terrenos. No Brasil, onde o solo é predominantemente siltoso, ou seja, é terra, e aqui é predominantemente rocha. A ruptura da rocha ela demora mais e por isso o trabalho é mais demorado.”
A companhia de água haitiana e a Minustah são parceiras no trabalho de perfuração de poços artesianos. Já foram construídos cinquenta poços no território haitiano.
De acordo com a ONU, Organização das Nações Unidas, aproximadamente 38% dos haitianos não têm acesso à água potável e apenas 24% da população possui acesso a redes de saneamento básico. Índices que colocam o haiti entre os cinco países com pior acesso a água e saneamento do mundo.
Em outubro do ano passado, o banco mundial prometeu repassar 50 milhões de dólares, o equivalente a R$ 119 milhões, para melhorar o sistema de abastecimento de água e saneamento básico do Haiti. Para cada dólar investido em sistemas de água e esgoto, sete dólares são ganhos em redução de custos de saúde e produtividade na América latina e no Caribe.