A Conib, Confederação Israelita do Brasil, diz que as denúncias de casos de antissemitismo, que é o ódio contra judeus, aumentaram 960% no Brasil.
Mas o levantamento mistura a crítica ao governo de Israel à agressões contra o judaísmo. O número de denúncias chegou a 467 em outubro desse ano. No mesmo período do ano passado foram 44 casos. Foi em outubro, a partir do dia 7 que teve início o bombardeio à Faixa de Gaza, com a morte, até agora, de mais de 10 mil palestinos.
O levantamento não distingue denúncias de antissemitismo com as de antissionismo. O sionismo é a doutrina criada na Europa, no final do século dezenove, que defende um Estado Nacional judaico e que resultou na criação do estado de Israel em 1948. Os antissionistas criticam essa doutrina.
Entre os exemplos de antissemitismo aparecem mensagens em redes sociais de apologia ao nazismo e ao extermínio dos judeus, com citações ao líder nazista Aldolf Hitler. Mas também inclui aquilo que seriam críticas ao Estado israelense e não à religião, como a queima da bandeira de Israel ou a comparação do nazismo ao sionismo.
Marcos Knobel, presidente da Federação Israelita de São Paulo, diz que não há diferença entre antissemitismo e antissionismo.
Para Daniel Bialski , vice-presidente da Conib, comparar o sionismo ao nazismo e dizer que Israel comete genocídio também são práticas antissemitas.
Mas essa interpretação não é unanimidade nem entre acadêmicos e nem na comunidade judaica. Em um debate que aconteceu também nessa quinta-feira na USP, o judeu israelense Yuri Haaz, do Vozes Judaicas pela Libertação, fez um alerta para que o antissemitismo não seja usado para silenciar as críticas a Israel.
Shajar Goldwaser, que também é um judeu israelense e ativista pela causa palestina, acredita que o próprio governo de Israel tem ajudado a alimentar o antissemitismo ao se colocar como representante do judaísmo no mundo ao mesmo tempo que mantem políticas de violência contra outros povos e explica que o judaísmo é muito maior que o sionismo.
Durante a coletiva em São Paulo para apresentar o levantamento, os representantes da Conib ameaçaram processar na justiça todos os que praticarem antissemitismo, incluindo os casos em que a crítica é contra o Estado de Israel.
