Tribunal de Haia: o que é e como funciona o órgão internacional

Ofensiva de Israel na Palestina e guerra na Ucrânia passaram por ele

Publicado em 27/05/2024 - 07:58 Por Gabriel Corrêa* - repórter da Rádio Nacional - São Luís

A guerra entre Israel e o Hamas tem trazido, com frequência, questões sobre o papel de instâncias jurídicas internacionais responsáveis por julgar supostos crimes cometidos pelos líderes envolvidos no conflito.

O Tribunal Penal Internacional, sediado em Haia, na Holanda, foi criado para julgar indivíduos acusados dos mais graves crimes contra a comunidade internacional: genocídio, crimes de guerra e contra a humanidade, conforme descrito no Estatuto de Roma, o tratado internacional de 1998 que estabeleceu essa Corte.

Sylvia Steiner foi juíza do Tribunal Penal Internacional entre 2003 e 2016. Antes disso, ela também fez parte da Comissão Preparatória do Tribunal. Ela explica que, junto com a Corte de Justiça da ONU, que julga os conflitos entre os Estados, o Tribunal Penal Internacional é o primeiro e único permanente, que julga pessoas no plano internacional.

Em duas décadas, mais de 30 casos já passaram pelo Tribunal Penal Internacional, e foram emitidos mais de 45 mandados de prisão. 21 pessoas foram presas no centro de detenção, também em Haia. Entre eles, o ex-presidente da Sérvia, Radovan Karadzic, condenado por genocídio e crimes contra a paz, cometidos na guerra da Bósnia-Herzegovina, nos anos 1990.

O Tribunal de Haia não tem força policial própria ou órgão de fiscalização. A corte internacional depende da cooperação com os países para investigar presencialmente, fazer prisões, transferir presos, congelar bens e aplicar sentenças.

Apesar das decisões de prisão, 17 pessoas continuam em liberdade. Por exemplo, em março do ano passado, o tribunal pediu a prisão do presidente russo Vladimir Putin por supostos crimes cometidos na Ucrânia.

O ex-presidente do Sudão, Omar al-Bashir, também teve mandado de prisão expedido, mas permaneceu detido no próprio país, mesmo após ser deposto em 2019, como recorda a ex-juíza Sylvia Steiner.

Apesar de entraves pontuais, a ex-juíza acredita que o Tribunal Penal de Haia ajudou a ampliar a justiça internacional nas últimas décadas.

Hoje, o Tribunal em Haia tem mais de 900 funcionários de vários países. Ao todo, 124 nações reconhecem o estatuto que criou o tribunal. Entre os que não reconhecem estão Estados Unidos, China, Rússia e Israel.

 

*Com produção de Dayana Victor

Edição: Daniella Longuinho/ Sumaia Villela

Últimas notícias
Geral

Sintonia com o Sul: Dicas de segurança no retorno às residências

Na edição desta segunda-feira (27), o programa Sintonia com o Sul, da Rádio Nacional, destacou uma entrevista com Miriam Ferragini Müller,  assistente social da Unisinos, que falou sobre o Guia de cuidados ao retornar para casa após os alagamentos. 

Baixar arquivo
Geral

Ciclone extratropical pode levar mais chuvas para o Rio Grande do Sul

Por causa dessa previsão, inclusive, o governo do Rio Grande do Sul mantém suspensas as aulas na rede estadual e privada em Porto Alegre.

Baixar arquivo
Direitos Humanos

Até 25 de maio, RS recebeu 1,5 mi de litros de água potável em doações

No momento, o que mais a população precisa são cestas básicas, ração para pet e itens de higiene pessoa como sabonete, absorventes femininos e papel higiênico; e de limpeza, como: desinfetante, detergente líquido e esponjas.

Baixar arquivo
Saúde

Viva Maria: Sonia Hirsch reforça sobre importância da saúde da mulher

Jornalista é autora de dois livros obrigatórios sobre o tema: "Só para as Mulheres" e o “Almanaque dos bichos que dão em gente”.

Baixar arquivo
Geral

Ministério Público pede que Exército assuma doações em Eldorado do Sul

Operação realizada no sábado (25) identificou desvios de donativos feitos por integrantes da Defesa Civil Municipal. Objetivo seria usar para benefício de eleitores no pleito municipal.

Baixar arquivo