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Internacional

Cúpula dos Brics: Lula classifica guerras como “insensatez”

Presidente criticou novamente a guerra na Ucrânia e ataques de Israel
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Sayonara Moreno, repórter da Rádio Nacional
23/10/2024 - 11:12
Brasília
Brasília (DF), 28/08/2024 - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva participa de cerimônia de comemoração dos 25 anos do Ministério da Defesa. Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil
© Marcelo Camargo/Agência Brasil

Uma “insensatez”. Foi assim que o presidente Lula definiu os ataques de Israel, no Oriente Médio, e a guerra entre Ucrânia e Rússia.  

“Como disse o presidente Erdogan na Assembleia Geral da ONU, Gaza se tornou o maior cemitério de crianças e mulheres do mundo. Essa insensatez agora se alastra para a Cisjordânia e para o Líbano. Evitar uma escalada e iniciar negociações de paz também é crucial no conflito entre Ucrânia e Rússia. No momento em que enfrentamos duas guerras com o potencial de se tornarem globais, é fundamental resgatar nossa capacidade de trabalhar juntos em prol de objetivos comuns.”

A declaração faz parte do discurso do presidente brasileiro durante a 16ª cúpula dos Brics, bloco econômico criado pelos países do chamado “Sul Global”, incluindo Brasil, três países da África, China, Rússia e Emirados Árabes. Ao comentar sobre as mudanças do clima, o presidente Lula mencionou a importância da união entre os países do bloco. Mas disse que a responsabilidade maior é mesmo dos países ricos.

“O Brics é ator incontornável no enfrentamento da mudança do clima. Não há dúvida de que a maior responsabilidade recai sobre os países ricos, cujo histórico de emissões culminou na crise climática que nos aflige hoje. É preciso ir além dos 100 bilhões anuais prometidos e não cumpridos e fortalecer medidas de monitoramento dos compromissos assumidos. Os dados da ciência exprimem um sentido de urgência sem precedentes. Também cabe aos países emergentes fazer sua parte para limitar o aumento da temperatura global a um grau e meio.”

E falando em países ricos, o presidente Lula chamou de “apartheid” a falta de equidade entre os países no acesso a recursos importantes.  

“Não podemos aceitar a imposição de apartheids no acesso a vacinas e medicamentos, como ocorreu na pandemia, nem no desenvolvimento da inteligência artificial, que caminha para se tornar privilégio de poucos. Precisamos fortalecer nossas capacidades tecnológicas e favorecer a adoção de macrossistemas multilaterais, não excludentes, em que a voz dos governos predomine sobre interesses privados. Os Brics foram responsáveis por parcerias significativas para o crescimento econômico mundial nas últimas décadas.”

Lula citou, ainda, que os Brics representam 36% do PIB global por paridade de poder de compra. Mas, mesmo assim, as relações financeiras seguem desiguais.

“Os fluxos financeiros continuam seguindo para as nações ricas. É um Plano Marshall às avessas, em que as economias emergentes em desenvolvimento financiam o mundo desenvolvido. As iniciativas e instituições dos Brics  rompem com essa lógica. A atuação do conselho empresarial contribuiu para ampliar o comércio entre nós. As exportações brasileiras para os países dos Brics cresceram 12 vezes entre 2003 e 2023. Os Brics são, hoje, a origem de quase um terço das importações do Brasil.”

Outro assunto que o presidente comentou foi o chamado Mecanismo de Cooperação Interbancária. O presidente defendeu, com isso, que os bancos nacionais de desenvolvimento criem “linhas de crédito em moedas locais”, em alguns casos sem depender do dólar.

Nesta cúpula, a presidência dos Brics passa da Rússia para o Brasil, que assume no ano que vem. Lula disse na cúpula desta quarta (23/10) que o lema da presidência brasileira, em 2025, vai ser “Fortalecendo a Cooperação do Sul Global para uma Governança mais Inclusiva e Sustentável”. A participação do presidente Lula, no Brics foi por videoconferência. Ele se recupera de um corte na cabeça, mas os exames dessa terça-feira (22/10) apontaram que ele está bem.  


 

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