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Justiça

Começa julgamento de PM acusado de matar jovem negro no Rio

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Carolina Pessôa - Repórter da Rádio Nacional*
05/03/2024 - 15:57
Rio de Janeiro

Começou nesta terça-feira (5), depois de uma década de espera, o julgamento do policial militar Alessandro Marcelino de Souza, acusado do homicídio de Johnatha de Oliveira Lima, de 19 anos, durante uma operação da PM na Comunidade de Manguinhos, Zona Norte do Rio. 

Antes do início do júri, houve uma grande manifestação, em frente ao Tribunal de Justiça, no centro da cidade. Moradores da comunidade e representantes de instituições sociais, com apoio da Anistia Internacional Brasil e do Instituto Marielle Franco, empunharam faixas e cartazes relembraram o caso, e exigindo justiça.

Ana Paula Oliveira, mãe da vítima, e fundadora do grupo Mães de Manguinhos, que luta por justiça para jovens negros, ressaltou que dez anos é muito tempo, e que essa espera pode ter sido motivada por questão racial. 

“Será que se eu fosse uma mãe branca, se o meu filho fosse um jovem branco, morador de uma classe alta, fizesse parte de uma outra classe da sociedade, será que eu também estaria, que essa mãe branca estaria esperando 10 anos?”

Ela também destacou que a luta é pela vida de tantos outros jovens como seu filho. "O que eu desejo é o mínimo. Que a justiça seja feita. E que a partir da justiça feita possa se garantir a vida de outros jovens como o meu filho. Possa se garantir que outras mães, que outras mulheres pretas como eu não tenha que passar por essa dor". 

Jurema Werneck, diretora executiva da Anistia Internacional Brasil, reforçou a gravidade da demora no julgamento. "Ao longo de 10 anos, a Polícia Militar do Rio de Janeiro perdeu tempo. Ao longo de 10 anos, o Ministério Público do Rio de Janeiro perdeu tempo. Ao longo de 10 anos, Ana Paula e sua família lutaram por uma justiça que não vinha". 

Em nota, o Tribunal de Justiça do Rio disse que não se manifesta sobre decisões judiciais ou processos em tramitação. 

Já a Polícia Militar informou que o policial Alessandro Marcelino de Souza está afastado do serviço externo e submetido a um procedimento interno, instaurado pela corregedoria, que vai avaliar sua permanência nos quadros da corporação.

*Com colaboração de Bruno Moura. 

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