O Ministério Público Federal denunciou à Justiça Federal o ex-superintendente da PRF, Silvinei Vasques, e mais sete pessoas, acusadas de fraudar licitações e contratos referentes à compra de 15 viaturas operacionais blindadas durante sua gestão. Segundo o MPF, o prejuízo aos cofres públicos ultrapassa R$ 13 milhões de reais.
Os veículos, chamados caveirões, foram comprados da empresa americana Combat Armor Defense do Brasil, que pertence a Daniel Beck, conhecido apoiador do ex-presidente americano Donald Trump. O ex-CEO da Combat, Maurício Junot de Maria, e seu filho, Kauê da Glória Gonzaga Junot de Maria, também foram denunciados e tiveram pedido de prisão preventiva.
As investigações do MPF apontaram que as licitações eram caracterizadas pelos mesmos concorrentes e propostas irreais acima do preço. A Combat ganhava, na maior parte dos casos, pela modalidade "maior desconto", ainda que não existisse tabela pré-fixada de valores para o julgamento das propostas.
Segundo o procurador da República, Eduardo Benones, que assina a denúncia, Silvinei Vasques, teve interferência nos contratos fraudulentos.
Os veículos foram destinados à Superintendência da Polícia Rodoviária Federal do Rio de Janeiro e foram considerados inservíveis, de acordo com o MPF. De acordo com o procurador, o laudo de testes feitos pelo Exército aponta que os “caveirões” comprados da Combat não servem para a função a que se prestam.
A empresa foi investigada pela Comissão Parlamentar Mista de Inquérito do 08 de Janeiro. Foram identificadas transações suspeitas, com pagamentos em favor de Antonio Ramirez Lorenzo, ex-chefe de gabinete do então ministro de Estado da Justiça e Segurança Pública, Anderson Torres. Lorenzo e outros quatro Policiais Rodoviários Federais, que participaram dos processos de licitação, também foram denunciados.
Em nota, a Polícia Rodoviária Federal informou que colabora com todos os órgãos responsáveis pelas investigações das circunstâncias que envolveram a compra dos veículos blindados na gestão passada. A reportagem não conseguiu contato com os denunciados.