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Justiça

Mauro Cid diz que Bolsonaro mandou monitorar Alexandre de Moraes

As informações constam na delação premiada do ex-ajudante de ordens
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Renato Ribeiro - repórter da Rádio Nacional
21/02/2025 - 14:39
Brasília
RETROSPECTIVA_2023 - Tenente-coronel Mauro Cid depõe na CPI dos atos golpistas - Foto: Lula Marques/Agência Brasil
© Lula Marques/Agência Brasil

O ex-presidente Jair Bolsonaro mandou monitorar os passos do ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes após as eleições de 2022. 

As informações constam na delação premiada do tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro.

Os depoimentos ajudaram a embasar a denúncia da Procuradoria-geral da República contra 34 acusados da tentativa de golpe de Estado. 

 As gravações foram liberadas nessa quinta-feira por Alexandre de Moraes. 

O ministro questionou o Mauro Cid sobre a troca de mensagens com coronel Marcelo Câmara, ex-assessor especial de Bolsonaro em novembro e dezembro de 2022. De acordo com Cid, Bolsonaro estaria nervoso e mandou monitorar Morais. 

O último monitoramento foi o presidente que pediu. Essa aí foi o próprio presidente que pediu. A informação é a que seria porque o senhor iria se encontrar ou com o general Mourão ou alguém do governo dele. E o presidente estava meio nervoso com isso aí. Então ele queria saber. Essa foi a informação que eu recebi. E novamente pediu ao coronel Câmara para tentar colher essa informação.

Segundo as investigações, em 15 de dezembro de 2022, um grupo de militares das Forças Especiais do Exército, os chamados “Kids pretos”, seguiu os passos do ministro para uma suposta tentativa de sequestro e de assassinato, mas o plano foi adiado. 

O tenente-coronel Mauro Cid afirmou não saber detalhes da operação. 

O dia do reconhecimento que eles vieram, eu não sabia. Eu não sabia que eles estavam aqui. O que foi acontecendo, eu não sabia. Eu não sabia, sei lá, se eles iam tacar alguma coisa na casa do senhor ou fazer foguetório. Eu não tinha esse nível de detalhamento e ciência e nem quando ia acontecer e se ia acontecer. Na minha cabeça eles iam fazer alguma coisa com os manifestantes. E era o que a gente escutava. As Forças Especiais estão ali com os manifestantes. Se tivesse usando material do batalhão, tivesse fazendo reconhecimento com o carro do batalhão, fosse usar armamento do batalhão. 

Mauro Cid contou ainda que o juiz do Tribunal Superior Eleitoral ajudou a espionar Alexandre de Moraes. 

O pessoal queria saber por onde o senhor iria estar. Eu perguntei para o coronel Câmara que um dos contatos dele é um juiz do TSE. Inclusive era ele que auxiliava as Forças Armadas a redigir os documentos que o general Paulo Sérgio encaminhava para o senhor. Ele mais ou menos que dizia, eu não sei efetivamente o nome dele, não sei confirmar, não sei se ele tinha acesso à agenda no Ministro. 

A defesa de Jair Bolsonaro afirmou que pedirá a anulação do acordo de delação premiada do tenente-coronel Mauro Cid.

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