A qualidade da água da Baía de Guanabara, um dos principais cartões postais do Rio de Janeiro, piorou nos últimos dois anos. No trecho próximo ao aeroporto Santos Dumont, no centro da cidade, a qualidade caiu de regular em 2019, para ruim em 2021. A situação se repete na orla dos bairros do Flamengo e de Botafogo, na zona sul, com a redução da qualidade, saindo de regular para péssimo. Os dados fazem parte de monitoramento do Inea, Instituto Estadual do Ambiente.
De acordo com o estudo, pela primeira vez na série histórica, iniciada em 2014, todos os 21 pontos analisados registraram índices negativos. Nenhum recebeu nota ‘regular’, ‘boa’ ou ‘ótima’. Treze locais foram classificados como péssimos e oito como ruins.
Despejos de esgoto e de resíduos sólidos vêm causando danos ao ambiente e colocam em risco o ecossistema da Baía de Guanabara.
Na avaliação do biólogo Mário Moscatelli saneamento universalizado e ordenação do uso do solo são requisitos básicos para solucionar o problema.
Para o professor Renato Carreira, do Laboratório de Estudos Marinhos e Ambientais da PUC Rio, o cenário de degradação afeta setores da economia e do turismo, e a população. Ele avalia que a agressão à Baía não é um problema novo.
A reportagem entrou em contato com a Cedae, Companhia Estadual de Águas e Esgotos. A empresa respondeu que o esgotamento sanitário nos municípios do entorno da Baía não é mais feito pela empresa, desde a concessão dos serviços de saneamento, realizada em 2021. Pelo modelo, as empresas vencedoras obtêm a concessão por 35 anos e precisam se comprometer com a meta da universalização dos serviços até 2033.
A concessionária Águas do Rio, que assumiu parte dos serviços da Cedae, informou que desde novembro vem atuando, especialmente nas ações de esgotamento sanitário. Entre elas, a limpeza do Interceptor Oceânico, na zona sul carioca, troca de redes e recuperação de estações de bombeamento e de tratamento, conforme previsto no contrato de concessão. Em 10 anos a empresa deve investir R$ 19 bilhões em obras de infraestrutura.
Em relação à Baía de Guanabara, a Concessionária destacou que o projeto de despoluição exige uma atuação conjunta e contínua com a sociedade e órgãos de governo.
O Inea explicou que alguns fatores como período do ano, com maior ou menor incidência de chuvas, além de ondulações, vento e amplitude das marés e presença de matéria orgânica podem influenciar na qualidade da água. E disse que por meio do Programa de Saneamento Ambiental tem investido em ações para ampliar a coleta e ingratamente de esgoto nos municípios ao redor da Baía de Guanabara.