Os alertas de desmatamento no cerrado atingiram uma área de mais de 2.100 quilômetros quadrados entre janeiro e abril deste ano. Os dados são do Sistema de Detecção de Desmatamentos em Tempo Real (Deter) do Instituto de Pesquisas Espaciais (Inpe). Esse é o maior número para os primeiros quatro meses do ano da série histórica, que começou em 2019.
A maior parte do desmatamento nos quatro meses, cerca de 80%, ocorreu nos estados do Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia, na área conhecida como Matopiba.
O coordenador do Programa de Monitoramento da Amazônia e demais biomas do Inpe, Claudio Almeida, demonstra preocupação com os números.
"Porque, no ano passado, nós já havíamos notado um aumento no desmatamento do cerrado de mais de 25%. E esses quatro meses apontam para um novo aumento, na ordem de 13%. Então, realmente, é bastante preocupante essa situação, esse novo aumento do desmatamento".
A coordenadora do projeto Cerrado Resiliente do Instituto Sociedade, População e Natureza, Isabel Figueiredo, cobra o plano federal de combate ao desmatamento e mais alinhamento entre União e estados.
"Avaliar, mais aprofundadamente, a legalidade desses desmatamentos (...) fazer um processo em que a gente possa ter as autorizações de supressão de vegetação nativa mais bem controlados, mais bem avaliados... que haja integração dos dados estaduais com os dados federais".
Um efeito apontado pelos especialistas é o impacto do desmatamento do cerrado sobre o ciclo da água no país. Aí, com mudanças nos períodos de chuvas e secas, afetando a vazão de rios e a produção de comida e energia elétrica.