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Meio Ambiente

Rio Negro pode atingir ápice da seca em outubro em Manaus

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Madson Euler* - Repórter da Rádio Nacional
02/10/2023 - 16:52
São Luís

A estiagem que atinge a região Norte do país está afetando também os rios. Isso porque muitos estão com a vazão bem abaixo da média histórica. No Rio Negro, por exemplo, as previsões do Serviço Geológico do Brasil é que ele atinja o ápice da seca deste ano na segunda quinzena deste mês, em Manaus. Na última sexta-feira (29), o rio já alcançou a marca de 15,88 metros, o pior nível desde 2010, segundo o Serviço, quando ele registrou 13,63 metros. A praia urbana de Ponta Negra, localizada às margens do Rio Negro, na capital amazonense, já foi interditada por causa do baixo volume de água.   

Com a diminuição do volume dos principais rios, como Amazonas, Madeira e Solimões, o transporte de cargas, alimentos e pessoas também está afetado. De acordo com a Agência Reguladora de Serviços Públicos Delegados e Contratados do Amazonas, 90% das 136 embarcações que atuam nas 116 linhas no estado operam com algum tipo de restrição, implicando no transporte de 50% da capacidade de cargas e apenas 45% do total de passageiros. E isso afeta também as escolas... Pelo menos 2.200 alunos não conseguem assistir às aulas por causa da falta de transporte hidroviário. Cinquenta e nove dos 62 municípios amazonenses dependem desse tipo de transporte.  

Na região do Lago Tefé, interior do estado, foram encontrados mais de 120 botos-vermelhos e tucuxis mortos nos últimos dias. Miriam Marmontel, pesquisadora de mamíferos aquáticos amazônicos do Instituto Mamirauá, fala com preocupação da mortandade em larga escala da espécie ameaçada de extinção.  

"Nós estamos presenciando uma mortalidade muito grande com relação à abundância, que é disponível aqui no lago Tefé. Nós temos cerca de 900 botos vermelhos e 500 Tucuxis, e nós já perdemos em uma semana cerca de 120 animais entre os dois. E pode estar representando entre 5 e 10% da população. É uma uma porcentagem muito alta que pode afetar fortemente a dinâmica populacional dessas espécies." 

Segundo a pesquisadora, condições de temperatura e clima podem ser as responsáveis pelas mortes no Lago Tefé, mas outras possíveis causas serão investigadas.  

Outro reflexo trazido pela estiagem foi o crescimento dos focos de queimadas: dados do Programa Queimadas, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais, revelam que no acumulado deste ano, já foram registrados mais de 14.600 focos de incêndio, ultrapassando significativamente a média histórica anual, que é de 9.600 focos. Cento e cinquenta e três brigadistas foram contratados pelo governo estadual para reforçar o combate a focos de queimadas no interior do Amazonas.    

* Com produção de Lucinéia Marques.

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