O menor bioma do Brasil, mas com números grandiosos: maior área úmida do mundo, a mais preservada em termos de vegetação nativa, Patrimônio Mundial da Humanidade. Uma região de 150 mil km2 que reúne 5 mil espécies de plantas e de animais. Estamos falando do Pantanal, que arde em chamas neste momento, deixando em risco não só a fauna e a flora, mas a população, a pecuária - principal atividade econômica da região - e o turismo.
A analista de conservação do WWF, Cíntia Santos, explica que, no Pantanal, o sistema hídrico forma o seu ciclo, favorecendo a diversidade e a conexão entre nascentes, plantas e animais. Ela faz uma comparação com o corpo humano. Se a Amazônia é considerada o pulmão do mundo, o Pantanal é o rim, responsável pela filtragem da água.
Por ser uma área úmida, o Pantanal funciona como um regulador de temperatura. E serve de casa para diversas espécies que estão ameaçadas em outros biomas, como a onça pintada, a ariranha e a arara azul.
Gustavo Figueroa, que é biólogo do SOS Pantanal, explica que as queimadas fazem parte da rotina da região, mas que a preocupação, neste momento, é maior, porque mesmo a capacidade de resiliência da vegetação ao fogo não é mais a mesma.
E são os répteis, como jacarés, cobras e calangos, e os anfíbios, como sapos e rãs, os primeiros a sofrerem. Porque não têm a capacidade de locomoção que as aves, por exemplo, têm. Os mamíferos sofrem depois, segundo Gustavo, num cenário de terra arrasada. E a população, que sente os impactos em todos os sentidos, como explica Cíntia Santos, do WWF.
Nesta terça-feira (25), o total de focos de incêndio na região só este mês chegou a 2.473. São 110 focos ativos no momento, segundo o Programa Queimadas, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).
O governo reforçou as equipes de combate ao fogo e anunciou a liberação de recursos. No estado, as cidades atingidas estão em situação de emergência.
*Com produção de Daniel Lima