A estiagem e as queimadas continuam castigando a floresta amazônica.
No Pará, segundo Estado do país com maior quantidade de focos de incêndio, um dos piores cenários ocorre na Terra Mãe Maria, onde vivem 1,3 mil indígenas de cinco etnias. Há dias, incêndios florestais em vários pontos atingem a reserva localizada em Bom Jesus do Tocantins, a 10 km de Marabá.
Sem equipamentos adequados, indígenas têm tentado parar o avanço das chamas usando as próprias ferramentas do campo. O incêndio rasteiro tem avançado por baixo das folhas, matando muitos animais.
O relato do indígena Haprã Gavião é um exemplo. Com um filhote de cachorro-do-mato nas mãos, que ele havia acabado de salvar, ele lamenta o fogo queimando em volta.
A Defesa Civil e os Bombeiros Militares têm atuado na reserva que possui 32 aldeias. A Terra Indígena fica próxima da divisa com o Estado do Tocantins, onde as queimadas também persistem e 500 novos brigadistas devem ser contratados. Os municípios tocantinenses em "Estado de Calamidade" vão receber recurso emergencial que deve ser repassado para as famílias mais afetadas, explicou o Secretário de Meio Ambiente, Marcello Lelis.
No Mato Grosso, Estado com maior número de queimadas, cerca de mil militares do Corpo de Bombeiros atuaram sobre 50 incêndios somente nessa quinta-feira.
Em Rondônia, o governo federal reconheceu mais 26 cidades em situação de emergência por causa dos incêndios florestais, além de outras 19, devido à estiagem. A Prefeitura da capital Porto Velho emitiu alerta de calor extremo.
Na capital do Amazonas, Manaus, o Rio Negro continua baixando e atingiu 16,73 metros na manhã desta sexta-feira. Se ele continuar nesse ritmo, poderá bater a seca histórica do ano passado, em pouco mais de duas semanas.
Nessa quinta-feira, a Agência Nacional de Transportes Aquaviários permitiu a adaptação temporária de terminais fluviais e a criação de bases de apoio. A ideia é manter a movimentação de cargas essenciais na região, como combustíveis e contêineres, mesmo com a água baixa. Também foi autorizada a flexibilização do regulamento de embarcações estrangeiras para navegação de cabotagem.
De acordo com o último boletim do governo do Amazonas, até o momento 460 mil pessoas já foram afetadas no Estado por causa da estiagem.