Um novo protocolo de sequenciamento do material genético do Sars-Cov-2, causador da Covid-19, permitiu o desenho das rotas de disseminação do coronavírus no mundo e, também, em âmbito nacional.
Desenvolvido no Laboratório de Vírus Respiratórios e do Sarampo da Fiocruz, a metodologia identificou que a cepa, ou o tipo de vírus que circula no Brasil, se assemelha à encontrada na Europa, na América do Norte e na Oceania. A descoberta indica que o novo coronavírus entrou no país por múltiplos locais.
O trabalho, elaborado em parceria com a University College London, no Reino Unido, foi concluído esta semana. As informações obtidas com o sequenciamento permitiram acompanhar a evolução do vírus ao longo do tempo e, assim, rastrear a origem do contágio.
A pesquisadora Paola Resende, do Laboratório da Fiocruz que desenvolveu o novo protocolo explica as vantagens da metodologia. Entre elas, influenciar autoridades de saúde na adoção de medidas mais eficientes para conter o avanço da doença.
O novo protocolo decodificou 18 genomas completos em amostras de pacientes de cinco estados: Rio de Janeiro, Alagoas, Bahia, Espírito Santo e Santa Catarina, além do Distrito Federal. Segundo a pesquisadora, o sequenciamento possibilitou o acompanhamento em tempo real e um entendimento melhor da nova doença.
Ainda de acordo com Paola Resende, o novo protocolo é mais rápido e tem menor custo. O método desenvolvido na Fiocruz utiliza fragmentos longos do material genético, o que reduz as possibilidades de falhas e permite sequenciar o genoma completo a partir de amostras retiradas de pacientes, sem a necessidade de isolar o vírus. Além disso, ele é capaz de sequenciar até 96 genomas ao mesmo tempo.
O protocolo foi validado para três plataformas de sequenciamento genético e compartilhado para acesso da comunidade científica mundial.