Universo: cientistas descobrem estrela rara e considerada ultrapobre
Você já pensou em olhar para o passado? É isso o que faz a arqueologia galáctica, que busca verdadeiros fósseis estelares. Os seres humanos começaram a se agrupar como civilização há cerca de 7 mil anos. E um grupo de cientistas estuda agora uma estrela que brilhava nove mil anos antes.
A SPLUS J2104-0049 está a 16 mil anos-luz da Terra e é a 36ª estrela de um grupo chamado de ultrapobres em metais. Mais de 100 pesquisadores no Brasil, Argentina, Chile, Espanha e Estados Unidos analisaram as ondas de luz emitida por ela.
O cientista associado do NOIRLab, no Arizona, Vinicius Placco, contou que, além de ser ultrapobre em metais, essa estrela tem uma outra característica que a deixa ainda mais rara.
A primeira geração de estrelas surgiu com o Big Bang, no começo do Universo, há quase 14 bilhões de anos. O baixo índice de carbono indica que esta pode ser uma estrela de segunda geração, com idade estimada entre 10 e 12 bilhões de anos. De acordo com Vinícius Placco, ela pode dar pistas sobre nossas origens.
O estudo faz parte de um projeto chamado S-PLUS, que tem sede no Brasil e mapeia o céu visto a partir do Hemisfério Sul da Terra.
Quem coordena a pesquisa é a Universidade de São Paulo. O astrofísico Felipe de Almeida Fernandes, do Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas da USP, destacou que este é o primeiro grande resultado do estudo que começou no ano passado e está previsto para ser concluído em 2024. Felipe espera ainda mais descobertas nos próximos anos.
A pesquisa foi publicada este mês na revista científica The Astrophysical Journal Letters.
Cientistas de qualquer instituição brasileira podem fazer parte do projeto S-PLUS. Os pesquisadores brasileiros também participam de dois projetos semelhantes no Hemisfério Norte. A ideia é que o esforço das três iniciativas consiga mapear metade de todo o céu visível a partir da Terra.
* Com produção de Michelle Moreira.