A 100 dias do centenário da primeira transmissão oficial de rádio, é tempo de lembrar que essa invenção teve um precursor brasileiro e que era padre.
Antes, é preciso recordar que no fim do século 19, o mundo vivenciava os primeiros experimentos da comunicação sem fio. Enquanto na Europa, testes feitos por Guglielmo Marconi contavam com incentivo inglês, um brasileiro, sem incentivos e reconhecimento, se tornava o precursor da radiodifusão.
Roberto Landell de Moura, o padre Landell, foi o primeiro a transmitir a voz por comunicação sem fio no mundo, em 1899. Em 9 de março de 1901, ele viria a patentear o que chamou de “aparelho de transmissão fonética a distância sem fio”. O biógrafo Hamilton de Almeida, que estudou a vida do padre que fez história na comunicação, conta que a transmissão aconteceu próximo à Avenida Paulista.
Landell de Moura nasceu em 1861, na cidade de Porto Alegre, no Rio Grande do Sul. Na adolescência, mudou com a família para o Rio de Janeiro. Na então capital do país, ele estudou na Escola Politécnica. Com apenas 16 anos, em 1877, conseguiu criar um telefone com fio apenas um ano depois da invenção do aparelho por Graham Bell.
Aos 18 anos, foi para Roma a convite do irmão para se tornar padre. Lá ficou oito anos e continuou os estudos científicos.
Mas, ao voltar para o Brasil, sua paixão pela ciência e pela religião não seria bem vista pelos fiéis.
Landell foi ainda visionário em outro meio de comunicação. Em 1913, ele criou o termo “televisão” e chegou a projetar o aparelho, mas não desenvolveu.
Há registros de uma petição, feita em 1906 pelo cientista, que pediu ajuda do governo de São Paulo para um projeto de industrialização do rádio. No entanto, o pedido foi arquivado. Landell de Moura morreu em 1928 sem reconhecimento. Os escritos do inventor se encontram preservados no Memorial Landell de Moura, na cidade de Porto Alegre, onde ele nasceu.
* Estagiária com supervisão de Luiz Claudio Ferreira