Quando Max tinha dois anos e meio, a psicológa mineira Cynthia Mesquita Beltrão recebeu uma notícia que veio acompanhada por muitas questões: seu filho, hoje com oito anos, foi diagnosticado com autismo. E assim ela se viu cerca de dúvidas e desafios que outras mães nem imaginam.
Mas o preconceito que Cynthia teme que Max vá sofrer no futuro. Já recaiu sobre ela inúmeras vezes, principalmente por causa da ignorância das pessoas a respeito da condição de max e da intolerância com as reações que ele pode ter em público. Certa vez, em uma festa, Max empurrou uma criança e, mesmo explicando sua condição, Cynthia conta que ouviu muitos insultos proferidos aos gritos pelo pai da menina.
E apesar do acesso de Max à educação ser garantido por lei, ela também enfrentou uma via crucis toda vez que precisou matriculá-lo em uma escola. Se as particulares fingiam que estavam lotadas, a maior parte das públicas não oferecia estrutura para recebê-lo. Por isso, Cynthia não tem dúvidas do que gostaria de ganhar no dia das mães. O cumprimento pleno das leis brasileiras de inclusão de pessoas autistas ou com deficiência.
A vida escolar de Sophia, de quatro anos, também tem sido um desafio para a mãe, a brasiliense Amanda Vieira. Mas por uma razão diferente. Como uma mulher bissexual, casada há quatro anos com outra mulher, Amanda precisa ainda mais do que as outras mães que o ambiente escolar frequentado pela filha seja inclusivo e acolhedor. E isso tem demandado um grande esforço individual.
Ela diz que o modelo de família padrão ainda é tão forte que as pessoas sequer cogitam que ambas possam ser mães de Sophia. Quando são vistas juntas com a filha e quando a composição familiar é revelada, não faltam olhares de estranhamento e julgamento. Não por acaso o desejo de amanda nesse Dia das Mães é que a sociedade se responsabilize pelo cuidado das crianças e ajude a construir espaços onde a discussão sobre os diversos modelos de família ajude a produzir igualdade.
Se o presente de Amanda poderia ser entregue em qualquer lugar do Brasil, o de Cristiane Souza da Costa tem um endereço bem específico. Mãe de Luísa, de cinco anos. e moradora do Complexo do Alemão, ela vivencia medos e restrições que só quem vê uma guerra acontecendo na porta de casa sabe. Para Cristiane, até mesmo o trajeto de casa até a escola da filha oferece risco. Assim como um simples passeio na praça.
Apesar de viverem em cidades diferentes, em situações diferentes, as três tem um ponto em comum: reivindicam políticas públicas para que suas maternidades continuem sendo diferentes, mas deixem de apresentar mais desafios do que a de outras mães.
E esse também é o meu desejo como mãe do Miguel. Que os cuidados sejam divididos entre mães, pais e entre toda a sociedade. Que a maternidade seja uma escolha que nos proponha, sim, muitos desafios, mas também crescimento, felicidade e realização. Qual é o seu?