Hoje 72 cidades no país adotam o passe livre, de acordo com levantamento do pesquisador Daniel Santini. No começo do ano, o prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes solicitou estudos de viabilidade para implantar o passe livre no transporte público da cidade.
Essas são algumas das consequências visíveis das jornadas de Junho de 2013 contra o aumento da tarifa de ônibus: de colocar a mobilidade urbana como uma política pública prioritária.
Mesmo assim, de acordo com o pesquisador coordenador da rede Mobilidade e Periferia, Ricardo Barbosa, o problema da mobilidade urbana ainda está longe de ser resolvido.
No entanto, a ascensão da direita e extrema direita é também creditada as manifestações de Junho de 2013. E por isso, parte da esquerda alega que se por um lado, os protestos começaram à esquerda, demandando mais direitos sociais, houve depois um sequestro da pauta por grupos de direita, com as pessoas protestando pela moralidade, contra a corrupção. O sociólogo Ruy Braga rejeita essa visão, e lembra, por exemplo, que as manifestações de 2013, após as jornadas de Junho, organizadas pela direita fracassaram em termos de público.
O então membro do MPL, Movimento Passe Livre em 2013, Frederico Ravioli por sua vez, falou que o movimento de Junho desencadeou novas formas de mobilização por direitos, fora de sindicatos e partidos, por exemplo na greve dos garis ou de rodoviários. E ele aponta a apropriação de grupos de direita das táticas da esquerda como uma das contradições que trouxe a ascensão da extrema-direita.
O professor do Departamento de Ciência Política da USP, Jean Tible disse que é natural a reação de grupos da sociedade contra conquistas sociais de grupos marginalizados. E para ele, o assassinato da ex-vereadora Marielle Franco foi um dos episódios que expressou esse contragolpe.
Dentro das contradições que se encontram até hoje, Tible lembrou que os personagens institucionais mais importantes de Junho de 2013 são atualmente o ministro da fazenda, Fernando Haddad, que na época era prefeito de SP, e o vice presidente da República, Geraldo Alckmin, que na época era governador de SP.