Hospital particular no AC se recusa a atender pacientes com coronavírus, e MP vai investigar caso

MP vai investigar caso

Publicado em 27/03/2020 - 22:45 Por Renata Martins - Brasília

O Ministério Público do Estado do Acre instaurou inquérito para investigar um hospital particular que teria se recusado a receber pacientes com coronavírus.


A promotoria recebeu denúncia de que pacientes diagnosticados positivos para Covid-19, inclusive em estado grave, tiveram o atendimento recusado no Hospital Santa Juliana, em Rio Branco. Aos pacientes, a unidade hospitalar disse não ter condições estruturais e força de trabalho para atendê-los.


De acordo com o MP acreano, os pacientes possuem contrato de plano de saúde com a Unimed Rio Branco e estariam a espera de vaga no hospital particular credenciado à rede. Alguns, com necessidades de internação na UTI por causa do coronavírus.


Hospital e Unimed tem até este sábado para se explicar.


No caso específico ocorrido na capital acreana, o inquérito civil foi aberto pela  Promotoria Especializada de Defesa do Consumidor.


Mas, segundo o doutor em Ciências Jurídicas Thiago Sorrentino, recusar atendimento é crime.


“Nós temos a previsão de vários tipos penais, mas nós poderíamos sintetizar tudo na expressão “omissão de socorro hospitalar”. Demonstrado que aquela unidade tinha, sim, condições de atendimento e o profissional de saúde, ou o hospital negou esse atendimento, ele pode ser responsabilizado criminalmente pela conduta.”


Thiago Sorrentino, que é professor universitário em Brasília, afirma que, em princípio, os hospitais privados não podem se negar a atender pacientes com o novo coronavírus. As unidades devem seguir os protocolos previstos pelo Ministério da Saúde para dar atendimento integral a essas pessoas. Segundo ele, a recusa só poderia ocorrer em casos excepcionais.

“Pelo que se conhece até agora da doença, o tratamento dela pode ser feito numa UTI tradicional. Porque é necessário manutenção da respiração mecânica e tratamento dos sintomas. Então só nessas situações excepcionais, extraordinárias ,em que a unidade conseguisse indicar que ela não tem condições técnicas para atender aquele tipo de paciente é que ela poderia - em tese – recusar. Muito difícil que isso se caracterize num caso concreto”.


Em nota, a Unimed Rio Branco afirmou que entrou na Justiça para que o Hospital Santa Juliana cumpra com suas obrigações contratuais, mas o hospital conseguiu uma decisão no Tribunal de Justiça do Acre para manter a recusa de atendimento.


A Unimed Rio Branco disse ainda que vem trabalhando com o governo do estado e outros hospitais privados para garantir o tratamento de seus pacientes.


O Hospital Santa Juliana não se manifestou até o fechamento desta reportagem.

Últimas notícias
Saúde

OMS: Vacinas salvaram 154 milhões de vidas em 50 anos

Os esforços globais de imunização têm sido fundamentais, salvando aproximadamente 154 milhões de vidas nos últimos 50 anos, conforme indicado por um estudo conduzido pela Organização Mundial de Saúde (OMS), revelado recentemente.

Baixar arquivo
Economia

Reforma tributária: Haddad leva texto da regulamentação ao Congresso

O documento tem mais de 300 páginas e 500 artigos com as regras do novo sistema de cobrança de impostos. Ele substitui cinco impostos por dois, um federal e um para estados e municípios.

Baixar arquivo
Política

Congresso Nacional adia análise de vetos presidenciais

A ideia é dar mais tempo para os líderes do governo e da oposição entrarem em acordo para a votação.

Baixar arquivo
Internacional

Presidente de Portugal reconhece culpa pela escravidão no Brasil

O presidente de Portugal, Marcelo Rebelo de Sousa, admitiu que seu país tem responsabilidade pelos crimes da era colonial, como tráfico de pessoas na África, massacres de indígenas e saques de bens.

Baixar arquivo
Geral

Preso, Chiquinho Brazão fala no Conselho de Ética da Câmara por vídeo

Brazão, acusado de ser um dos mandantes do assassinato da vereadora Marielle Franco, está preso há um mês e é alvo de pedido de cassação apresentado pelo PSOL.

Baixar arquivo
Segurança

CCJ da Câmara aprova lei que permite aos estados decidirem sobre armas

Pelo projeto de lei, os estados poderiam decidir sobre a posse e o porte de armas. Parlamentares favoráveis à proposta acreditam que diferenças estaduais precisam ser respeitadas. Já os contrários, afirmam que regras sobre armas devem ser definidas por uma lei nacional. Base do governo aponta inconstitucionalidade da medida.

Baixar arquivo