Covid-19: Hospital das Clínicas da USP estuda suspeitas de reinfecção
Desde meados de agosto, o Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP estruturou um ambulatório para estudar os casos de reinfecção por covid-19.
Há, no momento, 16 pacientes que vêm sendo acompanhados pelos médicos e pesquisadores por terem tido sintomas da doença em meses anteriores, se recuperaram, mas voltaram a ficar doentes recentemente e com diagnóstico positivo para covid-19.
De acordo com o médico infectologista Max Igor Banks, responsável pelo Ambulatório de Reinfecções do Hospital das Clínicas, um dos desafios de se descobrir a reinfecção é diferenciá-la da reativação, que é quando o vírus fica dormente no corpo da pessoa após a primeira infecção por alguns meses e depois é reativado por alguma razão.
Na reinfecção, o vírus da segunda infecção tem um genoma diferente do primeiro vírus, isto é, sofreu uma mutação. Mas, para fazer essa diferenciação, seria necessário ter o material genético dos dois vírus para fazer a comparação, e é aqui que os pesquisadores encontram uma dificuldade, porque poucos laboratórios conseguem guardar o material genético do vírus dessas primeiras contaminações.
Dessa forma, os estudos sobre reinfecção têm focado em descobrir a reação do sistema imunológico do paciente, que tende a reagir de forma mais rápida e forte quando há uma segunda infecção, conforme explicou Banks.
Banks falou também da importância desses estudos para o desenvolvimento das vacinas contra a covid-19.
O médico infectologista alerta que apesar dos casos de reinfecção serem raros e em sua grande maioria não causarem a forma mais grave da doença, as pessoas reinfectadas podem transmitir normalmente o vírus para outras pessoas.
Dessa forma, a orientação para quem já pegou o coronavírus e se curou é a mesma para todas as pessoas: manter as medidas de isolamento e distanciamento social além do uso de máscaras.