É preciso agir, diz o tema do Dia Mundial de Prevenção ao Suicídio

Neste ano, a tônica do Setembro Amarelo é cobrar ações concretas

Publicado em 10/09/2020 - 14:51 Por Ana Lúcia Caldas - Brasília

Estamos no Setembro Amarelo, mês de prevenção ao suicídio.

A campanha começou aqui no Brasil em 2014, trazida pela ABP - Associação Brasileira de Psiquiatria e pelo Conselho Federal de Medicina. A data símbolo é 10 de setembro, o Dia Mundial de Prevenção ao Suicídio. “É Preciso Agir” é o tema deste ano.

O presidente da ABP e coordenador nacional do Setembro Amarelo, Antonio Geraldo da Silva, afirma que não Basta mais apenas esclarecer.

Sonora: “Nós vamos colocar este ano uma campanha de que é preciso agir. É preciso ter ações diretas para evitar o suicídio. Porque sem ações, se a gente ficar apenas no discurso, se a gente ficar apenas tratando disso, mas sem fazer nada efetivo para evitar esse desfecho fatal, nós não vamos ter resultado.”

Segundo o médico, são 30 anos de políticas públicas inadequadas no tratamento da saúde mental da população brasileira, o que fez com que faltassem laboratórios especializados em psiquiatria no sistema público. E defende que o tratamento seja feito de forma ambulatorial.

Sonora: “Nós, psiquiatras, acreditamos e defendemos que isso tem que ser feito de forma ambulatorial. Você vai até um médico, ele faz o diagnóstico, você vai até... faz seu tratamento. Ele prescreve o que deve ser tratado, quer seja medicamento, psicoterapia, orientação de estilo de vida, enfim, o que se faz necessário pra ter um melhor resultado. Vai ao psicólogo, pra fazer sua terapia, vai ao fonoaudiólogo, ao educador físico. Enfim, uma equipe multidisciplinar trabalhando para o bem comum.”

Antonio Geraldo da Silva fala da parceria com o Ministério da Saúde na implantação de uma nova política para a saúde mental.

Sonora: “A Associação Brasileira de Psiquiatra, em parceria com o Ministério da Saúde, está fazendo uma proposta da implantação da política que foi votada, definida e escolhida, pela tripartite entre estados, municípios e governo federal, que é uma portaria de 14 de dezembro de 2017. E está sendo instituída essa nova portaria, que é o que define os rumos das políticas de saúde mental. E pelo o que o governo nos informou, ainda este mês será anunciada a criação de 50 ambulatórios de saúde mental, de psiquiatria para a população brasileira, e também ações de saúde, prevenção de doenças.”

Entre essas ações estão 12 videoaulas sobre o coronavírus e o projeto Mentalize. Sobre ele, fala Maria Dilma Teodoro, coordenadora-geral de saúde mental do Ministério da Saúde.

Sonora: “É o projeto que alerta ao cuidado na saúde mental. Nós trabalhamos com alguns vídeos que foram produzidos e trabalhados em temas, saúde da criança, para verificação de transtornos, e trabalhamos também a questão do idoso.”

Segundo Dilma Teodoro, os dados preliminares de 2019 apontam para 12.901 casos de suicídio no Brasil.

Os números podem ser maiores por causa das subnotificações e também porque muitas mortes de suicidas são atribuídas a outras causas, como intoxicação e atropelamento.

Antonio Geraldo da Silva ressalta que Setembro Amarelo não é um mês para comemorar.

Sonora: Em setembro, nós apenas juntamos os esforços, todas as ações, sabendo o que está sendo feito. Cobrar ações dos municípios, dos estados com relação a isso. Não é pra fazer festa, comemoração de nada. É pra cuidar. É pra propor situações novas, que vão ajudar a salvar vidas. É isso que nós fazemos em setembro.”

Durante setembro, estão previstos eventos virtuais, palestras, iluminação em amarelo de espaços públicos e monumentos.

Para a psiquiatra Alexandrina Meleiro a gente o setembro amarelo tem que ser o ano inteiro.

Sonora: “Embora setembro seja o mês que a gente dá o alerta de prevenção ao suicídio, mas nós temos que falar e fazer isso o ano inteiro. O tempo todo estar tratando das doenças, o tempo todo os governantes estarem oferecendo condições para a saúde mental […] Setembro é o alerta, mas, como eu costumo brincar, a gente tem que amarelar o ano inteiro.”

* Produção: Rosemary Cavalcanti

** Sonoplastia: Messias Mello

 

 

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Edição: Lana Cristina

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