Ministério Público vai investigar denúncia de “guardiões de Crivella"
O Ministério Público do Rio de Janeiro instaurou um procedimento preparatório criminal, para investigar a possível prática de crimes pelo prefeito Marcelo Crivella ao montar e manter um serviço ilegal na porta de hospitais municipais.
A investigação foi aberta depois que uma reportagem da TV Globo revelou um esquema de pessoas contratadas para atuar em unidades de saúde de forma a impedir críticas à gestão municipal.
A reportagem mostrou que o grupo, autointitulado "guardiões de Crivella", fazia plantões em dupla na porta das unidades de saúde, com a missão de atrapalhar as denúncias feitas pela população à imprensa, durante entrevistas. Pessoas desse grupo foram flagradas em, pelo menos, três ocasiões por repórteres, algumas vezes em flashes transmitidos ao vivo.
De acordo com o Ministério Público, além do crime de associação criminosa, previsto no artigo 288 do Código Penal, será avaliada a prática da conduta criminosa do artigo 1º, inciso II do decreto lei 201/67, que dispõe sobre a responsabilidade de prefeitos.
Em outra frente de reação, o Partido Socialismo e Liberdade, o Psol, protocolou nesta terça-feira(1º) um novo pedido de impeachment contra Crivella. O partido considera que houve crime de responsabilidade do prefeito, ao patrocinar ou ser conivente com a prática de improbidade administrativa, desvio de finalidade e uso indevido dos recursos públicos ao manter essas pessoas na porta dos hospitais para tentar evitar o trabalho da imprensa. Caso seja aceito, esse será o segundo pedido de impeachment a tramitar contra ele. Em junho do ano passado, os vereadores decidiram que Marcelo Crivella não era culpado em uma investigação envolvendo renovação de contratos de publicidade.
A Associação Brasileira de Imprensa, ABI, divulgou uma nota de repúdio destacando que a reportagem mostra que não são fatos isolados, mas parte de uma política do prefeito para constranger repórteres e cidadãos. O vice-presidente da ABI, Cid Benjamin, destaca que essa atuação é incompatível com a democracia.
A Prefeitura do Rio divulgou uma nota sobre o caso caracterizando o trabalho dessas pessoas como um reforço no atendimento em unidades de saúde municipais. Segundo o texto, o trabalho é feito no sentido de melhor informar à população e evitar riscos à saúde pública. Em outro ponto, a nota afirma que a iniciativa quer evitar que pessoas necessitadas sejam levadas por falsas informações a não buscar o tratamento onde ele é oferecido; e cita uma ocasião em que parte da imprensa teria dito que o Hospital Municipal Albert Schweitzer estava fechado quando estava aberto.
O prefeito Marcelo Crivella ainda não se manifestou.