A Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) lançou uma nova campanha de prevenção ao agendamento de cesarianas desnecessárias. A ação faz parte das estratégias do Movimento Parto Adequado, criado em 2015.
Segundo a ANS, em 2020, na saúde suplementar, dos 484 mil partos realizados, 400 mil foram por cirurgias cesáreas, ou seja, cerca de 80%. A taxa ideal de cesarianas recomendada pela OMS deve ficar entre 10% e 15% de todos os partos realizados.
Rosana Neves, gerente substituta de Estímulo à Inovação e Avaliação da Qualidade Setorial da ANS, explica que todos os anos a agência observa um crescimento sazonal de cesarianas durante festas e férias, principalmente entre dezembro e fevereiro.
Segundo o Painel de Indicadores de Atenção Materna e Neonatal da ANS, em 2019, nos hospitais privados, o maior percentual de cesarianas ocorreu entre 37 e 38 semanas de gestação, período no qual os órgãos vitais de bebês, como coração e pulmão, estão completando o seu desenvolvimento.
Já os partos vaginais foram realizados mais vezes entre 40 e 41 semanas de gestação, quando os pulmões estão maduros e o trabalho de parto pode começar espontaneamente.
A empregada doméstica Francisca Holanda, moradora de Brasília, conta que sofria de pressão alta antes de engravidar, condição que perdurou durante a gravidez de forma controlada até o sexto mês. Depois desse período, a pressão arterial de Francisca começou a subir sem apresentar sintomas, o que a levou a uma internação e uma cesariana com 38 semanas de gestação.
Segundo a ANS, nos seis anos de existência do Movimento Parto Adequado, já foram evitadas mais de 20 mil cesáreas desnecessárias e houve uma redução de 16% nas internações em UTI neonatal. Atualmente, o projeto conta com 28 operadoras de planos de saúde associadas a um hospital ou maternidade, em 12 estados.
*com produção de Lucineia Siqueira