Há 150 anos nascia Oswaldo Cruz, referência em saúde pública no Brasil

Publicado em 05/08/2022 - 14:17 Por Tâmara Freire - Repórter da Rádio Nacional - Rio de Janeiro

Há 150 anos nascia Oswaldo Cruz. Um brasileiro que com todos os méritos nomeia a principal instituição científica do Brasil e é homenageado por inúmeras outras dentro e fora do país. Logo no inicio do século 20, coube ao sanitarista a elaboração das estratégias para enfrentar as doenças infecciosas que assolavam o Rio de Janeiro, então capital federal. E Oswaldo Cruz, a época com pouco mais de 30 anos acabou enfrentando três epidemias simultâneas: de peste bulbônica, febre amarela e varíola.

Em evento nesta sexta-feira (05), a atual presidente da Fundação Oswaldo Cruz Nisia Trindade afirmou que a tese de que a ciência brasileira nasceu com o trabalho de Cruz é polêmica. Mas a importância do seu legado para consolidar a pesquisa no país é inegável.

Nascido na cidade paulista de São Luiz do Piratininga, no dia 5 de agosto de 1872, Oswaldo Cruz teve uma formação sólida, e foi o primeiro brasileiro a estudar no Instituto Pasteur, centro de pesquisa de Paris que era a maior referência da época no Ocidente sobre microbiologia e saúde.

Ao retornar ao Brasil, em 1899, ele participou de uma missão científica que identificou um surto de peste bubônica no Porto de Santos e o trabalho o levou a assumir a chefia do Instituto Soroterápico Federal, embrião do que seria a Fiocruz. Seu primeiro grande desafio no cargo foi controlar o surto de febre amarela, e de maneira inovadora, Cruz sustentou a tese de que a era transmitida por mosquitos, e não no contato com pessoas doentes. A partir disso, brigadas sanitárias passaram a percorrer a cidade com inseticidas, e em busca de larvas de mosquitos.

A estratégia teve sucesso, e a doença que matava cerca de mil pessoas por ano em 1902 já não era mais uma epidemia em 1907. Esse espírito pioneiro inspira cientistas até hoje. Pesquisadores da Fiocruz escreveram cartas de agradecimento ao patrono, que foram lidas na homenagem pelo seu aniversário

Organizado o combate à febre amarela, Oswaldo Cruz e sua diretoria de saúde pública se voltaram, em 1903, contra a peste bubônica, trágica epidemia que matou milhões na Europa. Mais uma vez, a estratégia de combate aos vetores, com uma caçada aos ratos, deu certo em conjunto com a produção do soro para o tratamento dos doentes. Já a sua missão contra a varíola, que já tinha matado 3,5 mil pessoas só no Rio de Janeiro, produziu resultados inesperados.

Em meio a uma grande tensão social e diante de uma população cada vez mais insatisfeita com o governo, Oswaldo Cruz encampou a proposta da vacinação obrigatória, que acabou resultando em uma lei que previa a entrada compulsória nos serviços sanitários nas residências para vacinar os moradores. Isso foi o estopim para a Revolta da Vacina, que depois de 10 dias, deixou 30 mortos, 110 feridos, 945 presos. Mas a recusa da vacinação também fortaleceu a epidemia, que acabou causando outras mais de 6 mil vítimas. 

Assim como seus grandes feitos, a morte também chegou cedo para Oswaldo Cruz, que morreu aos 44 anos, em 1917. O sanitarista foi vítima de insuficiência renal, causada por uma nefrite

Edição: Sheily Noleto / Guilherme Strozi

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