Posvenção: grupos ajudam famílias enlutadas em todo o país
Terezinha e o marido Joseval perderam a filha de 19 anos para o suicídio. E encontraram nos grupos de apoio o suporte para enfrentar a dor. “Foi nos grupos que a gente vai escutando as histórias, entendendo, costurando as nossas vidas mesmo, sabe? Fazendo um remendo do que ficou, tentando colar. Eu fiquei despedaçada, então eu tentava colar o que restava. Então no grupo a gente fabrica cola“, diz.
Os dois criaram o blog Nomoblidis. A ideia agora é formar uma associação que reúna os grupos de prevenção e posvenção, o luto por suicídio. “A gente quer fazer essa associação, ajudar mais pessoas. Mostrar como é um luto por suicídio. Quebrar o tabu novos casos dentro desse meio das pessoas enlutadas", completa.
A psicóloga Elis Cornejo, do Instituto Vita Alere, também faz um mapeamento dos grupos de apoio. "A gente tem no Brasil em torno de 50 grupos de apoio presenciais e digo isso antes da pandemia e é justamente por conta da pandemia da covid-19, a gente também tem esses grupos se organizando online e a gente tem quase 20 grupos sistematizados", relata. Ela avalia que o número é bem maior.
A suicidologista Karina Fukumitsu fala do grupo “transformador em amor” que funciona online com dois facilitadores: um do instituto Sedes Sapientiae e um sobrevivente enlutado. “Recebem um grupo de acolhimento de pessoas que infelizmente, estão naquele grupo que obviamente não queriam estar, mas que eles falam bom, você, enlutado por suicídio, vocês vivem também essa devastação que a gente está vivendo, então a gente vai se amparando mutuamente", aponta.
Karina Fukumitsu ressalta que, além dos grupos de apoio, é necessária sempre ajuda dos profissionais de saúde. E sobre compartilhar a dor ela conclui: “A melhor ajuda é realmente a gente olhar para a dor e entender que essa dor infelizmente aconteceu e a partir dai a gente fazer a diferença transformando a dor em amor. Mesmo que seja amor ao próximo, amor com essa compaixão de saber que o outro também passa por essa situação muito difícil”.
E se você conhece alguém que está passando por um momento difícil e precisa de ajuda o SUS oferece uma estrutura de atendimento à população de graça. Tem ainda o Centro de Valorização da Vida no 188 e site.
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*Com produção de Dayana Victor e sonoplastia de Messias Melo