Apostas: uma a cada 100 pessoas pode ter comportamento compulsivo

Publicado em 14/07/2023 - 09:13 Por Gésio Passos - Repórter da Rádio Nacional - Brasília
Atualizado em 25/07/2023 - 12:20

Propagandas na televisão, chamadas no rádio, banners na internet, na camisa do seu time de coração. Todos os dias, os fãs de esporte são bombardeados por sites de apostas esportivas que oferecem a chance, com um simples “chute”, de ganhar milhões.

Esse tipo de apostas invadiu o país após uma mudança na legislação em 2018, mas que até o momento não foi regulamentada. Isso permitiu a operação de centenas de sites de apostas, sem nenhuma limitação. O temor pela manipulação de resultados hoje é concreto, e uma grande ação do Ministério Público de Goiás, no começo do ano, levou a prisão de uma quadrilha e indiciamento de dezenas de atletas que participavam dos esquemas.

Mas esse universo traz outra questão social importante: o vício. Com incentivo cada vez maior, por meio da publicidade, também cresce o número de dependentes.

A psiquiatra do Ambulatório de Transtornos do Impulso do Hospital das Clínicas da USP, Rachel Takahashi, explica que o vício em jogos de apostas é muito similar, por exemplo, a dependência em álcool.

A médica Rachel Takahasi explica que a maneira como cérebro reage ao vício em jogo também é muito próxima ao de outras drogas, por um sistema de recompensa. Ela também explica que o tratamento é o mesmo de outras dependências, com uso de medicamentos e terapias. Rachel Takashi destaca que um em cada 100 pessoas no país são acometidas por esse vício em jogos.

Mas grupos de pessoas viciadas em jogos também buscam apoio mútuo para se livrar do problema. Esse é o caso dos Jogadores Anônimos, uma irmandade que chegou ao Brasil na década de 1990, e apoia outros compulsivos a saírem dessa situação. Como sua base é o sigilo, eles conversaram com a gente sem se identificarem.

As loterias legalizadas no país, como Megasena, Timemania, Quina e outras, podem ser uma inspiração para regulamentação para o caos dos sites de apostas.

A partir de 2018, houve uma mudança legal na destinação dos recursos arrecadados pelas loterias da Caixa. Atualmente, apenas a Timemania destina recursos para o Fundo Nacional de Saúde, que poderia resultar em políticas públicas para o combate ao vício em apostas. Somente 1,75% da arrecadação dessa loteria Timemania vai para o fundo.

Em 2022, os valores desses repasses foram de R$ 9 milhões. Em 2020 e 2021, foram mais de R$ 4 milhões em cada ano.

A Caixa diz ainda que desenvolve ações em educação para um jogo responsável, em especial no site caixa.gov.br/jogo-responsavel.

Questionado, o Ministério da Saúde disse que o tratamento para dependência em jogos de azar não tem uma política específica no âmbito do SUS. Mas por ser uma questão de saúde mental, é possível tratar essa questão com psicólogos e psiquiatras na Rede de Atenção Psicossocial.

Em caso de compulsão por jogos, é possível buscar tratamento nas unidades de saúde básica ou Centros de Atenção Psicossocial, os Caps, da rede pública.

O Hospital das Clinicas da USP, em São Paulo, também tem um espaço que ajuda no tratamento de transtornos do impulso. O site é o proamiti.com.br.

Também é possível buscar apoio em grupos de autoajuda, no site jogadoresanonimos.com.br.

*Com produção de Salete Sobreira e sonoplastia de Jailton Sodré

Edição: Jacson Segundo / Beatriz Arcoverde

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