Questões culturais e pobreza podem ser causas de suicídio indígena

Publicado em 02/08/2023 - 07:32 Por Sayonara Moreno - Repórter da Rádio Nacional - Brasília

Antes de cometer suicídio, muitas pessoas apresentam sinais de alerta, ainda que não seja intencional. Violentar o próprio corpo é uma forma de tentar se livrar da dor emocional. De acordo com o Ministério da Saúde, em 2019, 665 indígenas provocaram lesões no próprio corpo, dentro e fora das aldeias. Tentativas de suicídio ou transtornos psicológicos fazem parte desse quadro.

A psiquiatra Jacyra Araújo, alerta que a alta taxa de mortalidade indígena tende a aumentar, como uma tendência em toda a população mundial. Para ela, é preciso apontar as causas, antes de buscar meios de cessar essa realidade.

Além das múltiplas violências e das questões culturais, a pobreza pode ser outro fator que gera o estresse mental entre essas populações.

De acordo com o relatório Violência Contra os Povos Indígenas no Brasil, do CIMI, Conselho Indigenista Missionário, no ano passado, o Mato Grosso do Sul é o segundo estado onde mais ocorreram suicídios indígenas, no ano passado: um total de 28. É lá onde vivem os povos Guarani Kaiowá. Janio Kaiowá, da Aty Guasu, entidade da juventude Kaiowá, relata que os indígenas do estado vivem uma situação grave de extrema pobreza.

Os relatos sobre indígenas às margens de rodovias também foram lembrados pela antropóloga que elaborou o relatório do CIMI, Lúcia Helena Rangel. Ainda assim, ela atribui o problema ao racismo, em maior parte. E, por isso, cita que algumas formas de valorização podem ajudar.

O psicólogo da Secretaria de Saúde Indígena, do Ministério da Saúde, Matheus Cruz, argumenta que as ações de vigilância da pasta ajudaram a enxergar o problema mais de perto, o que é importante para a elaboração de políticas públicas.

Ao reconhecer o suicídio como um problema de saúde pública, o Ministério da Saúde destaca o papel estratégico da atenção primária na prevenção, a partir da “identificação e intervenção precoce em casos de risco” e da capacitação de profissionais para oferecerem apoio e acompanhamento.

Edição: Ana Lúcia Caldas / Alessandra Esteves

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