PNI 50 anos: como surgiu o Programa Nacional de Imunizações
Sempre que Maria Lúcia de Araújo vai ao mercado, a história se repete.
Há sete anos ela é agente comunitária de saúde, em Irajá, na Zona Norte do Rio de Janeiro e faz parte de um batalhão com mais de 295 mil pessoas, espalhadas por todo o país, que têm a missão de facilitar o acesso dos brasileiros aos serviços de atenção básica à saúde. Um dos mais importantes deles é a vacinação.
O sucesso da vacinação no Brasil também depende dos cerca de 193 mil profissionais de enfermagem, que trabalham nas mais de 38 mil salas de vacina espalhadas por todo o território nacional. Assim como tudo no Sistema Único de Saúde, a vacinação também funciona em rede. Os municípios providenciam as salas de vacina, e os profissionais que fazem a imunização. Os estados distribuem as vacinas para as cidades e dão suporte à operação. E o maestro dessa orquestra é o Programa Nacional de Imunizações, ligado ao Ministério da Saúde, e que completa 50 anos no dia 18 de setembro. O diretor do PNI, Eder Gatti, explica as principais atribuições do programa, que é um modelo mundial.
O historiador Carlos Fidelis conta que o PNI foi criado em 1973 após a experiência bem sucedida do Brasil em eliminar a varíola, primeira doença extinta do planeta graças às vacinas, e que antes disso matou mais de 300 milhões de pessoas apenas durante o século XX. Mas foi depois da criação do SUS, na Constituição de 88, que o PNI começou a consolidar a sua atuação em todo o território nacional e para todos os brasileiros. E de acordo com Fidelis foi um fortalecimento em mão dupla.
O PNI cresceu nos anos 90 e começou a incorporar uma grande quantidade de vacinas nos anos 2000, em um processo contínuo de avaliação de novas tecnologias. A aquisição mais recente foi a vacina meningocócica acwy, implicando a proteção contra a meningite e infecção generalizada. O programa também vai deixar de distribuir a vacina oral contra a pólio, as famosas gotinhas, substituindo totalmente pela versão injetável a partir do ano que vem.
Para demonstrar o tamanho do PNI, no ano passado, mesmo com as coberturas abaixo do ideal, quase 43 milhões de doses de vacinas de rotina foram aplicadas. Além disso, todos os anos, o Brasil realiza a campanha contra a influenza, com público-alvo de cerca de 80 milhões de pessoas. Sem contar a vacinação contra a covid-19, que já aplicou mais de 513 milhões de doses desde 2021. Números superlativos, de um programa pioneiro, que ajuda a proteger um país continental.
Especial PNI 50 anos
A Radioagência Nacional publica o Especial PNI 50 anos, em comemoração ao cinquentenário do Programa Nacional de Imunizações. Essa é a segunda reportagem da série.
Confira as matérias abaixo:
- Nísia Trindade: olhar para realidades locais é a chave para vacinação
- PNI 50 anos: como surgiu o Programa Nacional de Imunizações
- PNI 50 anos: Zé Gotinha é o "herói" das campanhas de vacinação
- Em 50 anos, programa de imunizações já erradicou pólio e mais doenças
- PNI 50 anos: queda na taxa de vacinação resultou na volta do sarampo
- PNI 50 anos: como ocorreu a evolução das vacinas ao longo dos anos?
Ficha Técnica:
Reportagem: Tâmara Freire
Edição: Nádia Faggiani
Colaboração: Vinicius Lisboa, da Agência Brasil
Publicação Web: Alessandra Esteves