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Saúde

RS: vítimas devem ser acolhidas com escuta ativa e humanizada

Ministério da Saúde disponibiliza materiais com recomendações
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Oussama El Ghaouri - repórter da Rádio Nacional
20/05/2024 - 19:51
Brasília
Porto Alegre (RS), 18/05/2024 – CHUVAS RS- Voluntários - Parte inferior do Viaduto José Eduardo Utzig foi transformada em um centro de acolhimento, com estações para prestar diferentes serviços para as pessoas resgatadas das enchentes ou prestadores de serviços voluntários. Foto: Rafa Neddermeyer/Agência Brasil
© Rafa Neddermeyer/Agência Brasil

Vítimas de desastres, como o do Rio Grande do Sul, devem ser acolhidas com escuta ativa e humanizada. A orientação é do Ministério da Saúde, que disponibilizou um conjunto de materiais com recomendações para esse atendimento.

Um deles, trata dos primeiros cuidados psicológicos em desastres e emergências. Isso porque as perdas de pessoas próximas, e até mesmo materiais, como a casa, além do trabalho e até de rotinas podem afetar o bem-estar psicológico e a saúde mental.

Em um dos vídeos publicados pelo Ministério da Saúde, a psicóloga do SUS, Débora Noal, explica que, neste primeiro momento, é preciso saber escutar.

"É importante estar atento. É importante se conectar. É importante reconhecer de verdade esse sofrimento. Não minimizar, não suavizar, nunca comparar. Então, às vezes, a gente na ânsia de poder ajudar, a gente traz um comparativo. 'Mas pelo menos você não perdeu ninguém da sua família'. 'Você só perdeu a casa.' Não existe ranqueamento. O que a pessoa está dizendo que é o sofrimento, a origem daquele luto ou daquela dor, nós reconhecemos, nós acolhemos e a partir desse acolhimento, a gente pensa junto com ela qual seria a melhor estratégia". 

Outro material, trata de perdas e lutos que, em situações como a vivida pelos gaúchos, são de vários tipos, desde familiares até espaços de referência, convívio e identidade.

Nessas situações, sempre que possível, os lugares de acolhimento devem ter objetos próprios dos acolhidos no local. Isso pra reforçar a sensação de pertencimento e identidade.

Para a psicóloga Adriana Cogo, que também participa do vídeo do Ministério da Saúde, é preciso respeitar o luto de cada um.

"O luto é uma reação normal e esperada na vida das pessoas diante de perdas significativas. E ele é um processo de cicatrização. É um tempo que as pessoas precisam para conseguir se entender no mundo que agora está tão diferente. É um processo que ajuda a gente a encontrar significado para tudo aquilo que está acontecendo na vida. É sempre individual. As pessoas vivem os seus lutos únicos. Se expressam da maneira que é possível para cada um. Só são diferentes entre si. Portanto, as suas manifestações vão ser diferentes também e precisam ser acolhidas". 

Os materiais publicados ainda falam sobre as condições dos abrigos para crianças. Elas precisam de banheiros limpos e seguros, lugar confortável para dormir, um local pra brincar, alimentação e água. E devem ficar junto às próprias famílias, com identificação. Só devem ser separadas por violência familiar ou por determinação da Justiça, quando passam a ser acompanhadas pelo Conselho Tutelar e pela Assistência Social.

Os profissionais que atuam em situações de desastres podem acessar o material do Ministério da Saúde no endereço: vigiar-esp.saude.gov.br

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