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Saúde

Planos de saúde negam procedimento para tratamento de pequenos tumores

Usuários recorrem à justiça para conseguir realizar intervenções
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Solimar Luz* - repórter da Rádio Nacional
06/07/2024 - 08:20
Rio de Janeiro
Estetoscópio médico em cima da cama. Foto: Marcelo Leal/Unsplash
© Marcelo Leal/Unsplash

Você sabe o que é ablação percutânea? O procedimento é uma das abordagens mais conceituadas e efetivas, indicada para tratamento de tumores, de tamanho reduzido, no fígado, pulmão e rim. Geralmente realizado nos casos em que a cirurgia não consegue atuar, como pelo elevado risco cirúrgico em pacientes com comorbidades.

O procedimento – disponível no Sistema Único de Saúde – tem sido negado, em alguns casos, por alguns planos de saúde. Foi o que recentemente aconteceu com a mãe da Célia Lima Negrão. Mãe e filha, então, conseguiram uma liminar na Justiça.

“Mesma ela já tendo passado por uma cirurgia, tirado parte do fígado, o que uma nova cirurgia seria um complicador, então o mais indicado seria a ablação. O médico fez o relatório e, mesmo assim, o plano negou, por dizer que não está no rol da ANS”.

O médico Jose Hugo Mendes Luz, chefe de Radiologia Intervencionista do INCA, Instituto Nacional do Câncer, que há 15 anos realiza a técnica, explica como é realizado o procedimento, feito sem cortes, sem pontos e sem a necessidade de pós-operatório em CTI, o que reduz custos com internações.

“Uma terapia com baixíssima agressividade, onde o paciente fica um período muito curto internado, geralmente 24 horas ou menos de internação. A gente introduz uma agulha que atravessa a pele, sempre orientado por imagem, porque a gente precisa da tomografia pra guiar o alvo, que, no caso, é o tumor”.

Para o médico, a falta de informação ainda é um obstáculo para a realização do tratamento.

“É um tratamento completamente consolidado no Brasil e no mundo inteiro, mas ainda existe um desconhecimento muito grande, até por conta dos próprios médicos, de outras especialidades”.

Além disso, outros aspectos também impactam na realização do tratamento de pacientes com câncer.

“A medicina privada segue o que a ANS coloca como procedimento de cobertura obrigatória e a ablação entra nesses procedimentos somente em algumas indicações. Mas têm outras indicações, tão úteis quanto, que ainda não fazem parte de procedimento de cobertura obrigatória pela ANS. O que é uma barreira”.

De acordo com o Ministério da Saúde, foi aprovada recentemente, na Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde, a incorporação da tecnologia Ablação térmica para o tratamento do câncer de cólon e reto com alto risco cirúrgico. 

  A reportagem entrou em contato com a ANS, Agência Nacional de Saúde Complementar, mas não teve retorno.

* Com produção de Joana D’arc e Dayane Vítor

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