Cláudio da Silva, Ouvidor da PM-SP, é ameaçado novamente

Pela segunda vez em menos de uma semana, o Ouvidor da Polícia Militar de São Paulo, Cláudio da Silva, foi ameaçado.

Em uma ligação anônima para a recepção do prédio da Ouvidoria, foram pedidas informações sobre a agenda do Ouvidor, horário de entrada e saída do prédio, detalhes do carro usado por ele, como placa, cor e modelo, e serviço de escolta.

Segundo a assessoria de imprensa da ouvidoria, a recepcionista que atendeu a ligação não informou nada e a pessoa desligou. Isso aconteceu no dia 9 de agosto. No mesmo dia foi registrado um boletim de ocorrência por constrangimento ilegal. Mas, cinco dias antes, no dia 4 de agosto, o Ouvidor já tinha registrado um outro boletim de ocorrência por ameaça e injúria racial. Ele recebeu o print com ameaça de morte e mensagens racistas de uma conversa de grupo de whatsapp batizado como "Polícia Penal Assuntos".

A mensagem traz a identificação do celular de onde foi enviada. A reportagem apurou que o número pertence a um policial penal aposentado.

As duas ameaças foram feitas depois que Cláudio da Silva passou a denunciar abusos da Operação Escudo, na Baixada Santista. A operação deixou pelo menos 16 mortos e começou no dia 28 de julho, um dia depois da morte do policial militar Patrick Reis, no Guarujá, cidade do litoral paulista.

Claudio da Silva é ouvidor das Polícias desde o dia 24 de dezembro. Professor e militante negro, ele foi escolhido a partir de uma lista tríplice em eleição feita pelo Conselho Estadual de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana (CONDEPE). Nascido e criado em uma favela da zona sul da capital paulista, a nomeação de Cláudio aconteceu com mais de um ano de atraso e só depois de uma representação feita no Ministério Público de São Paulo pelo CONDEPE contra o então governador do estado, Rodrigo Garcia.

A Ouvidoria das Polícias de São Paulo, a primeira do Brasil, é ligada à Secretaria de Segurança Pública. Entre suas tarefas está a de receber denúncias e cobrar respostas sobre abusos cometidos por policiais civis, militares ou da polícia científica.