“Os jornalistas não morrem, são mortos; eles não estão na prisão, os governos os jogaram lá; eles não estão desaparecidos, foram sequestrados.” Essa é a conclusão do balanço de 2024 da organização Repórteres Sem Fronteiras, que revela o aumento “dos ataques contra jornalistas, sobretudo em zonas de conflito”: 54 jornalistas foram mortos, em todo o mundo, durante o trabalho ou por causa dele, o número mais elevado dos últimos cinco anos.
Também nesta semana, o relatório da FIJ, Federação Internacional de Jornalistas, divulgou números ainda piores: em 2024, 104 jornalistas foram assassinados em todo o mundo, mais da metade deles em Gaza, na Palestina.
A presidenta da FENAJ, Federação Nacional dos Jornalistas, Samira de Castro, afirma que os dados dos dois relatórios mostram que “os jornalistas estão sob ataque” e que a sociedade não pode naturalizar essa violência, já que fere o direito de ter acesso à informação.
Apesar de números diferentes nos dois relatórios, há outra conclusão em comum: a Faixa de “Gaza tornou-se a região mais perigosa do mundo para os jornalistas”. O levantamento da Repórteres Sem Fronteiras mostra, ainda, que, na América Latina, os países mais perigosos para a profissão foram Colômbia e México.
Ana Mielke, coordenadora executiva do Intervozes, Coletivo Brasil de Comunicação Social, e membro da Coalizão em Defesa do Jornalismo, avalia os dados e os caso em Gaza como “alertas de extrema gravidade”. Segundo ela o Brasil também possui uma realidade preocupante em relação à violência contra os jornalistas.
Além dos casos de mortes, a profissão do jornalista também gera outros tipos de represálias, como as prisões: foram 550 presos em 2024. A maior parte na China, segundo os dois relatórios que ainda citam Israel, Birmânia e Mianmar com as maiores prisões para jornalistas no mundo.
A Repórteres Sem Fronteiras identificou que, este ano, cerca de cem jornalistas ainda estão desaparecidos, em 34 países. Em 2024 quatro desapareceram de forma forçada.
A ONU estabeleceu para 2 de novembro o Dia Internacional para Acabar com Impunidade para Crimes contra Jornalistas. De acordo com a UNESCO, Entre 2006 e 2024, mais de 1.700 jornalistas foram mortos em todo o mundo, sendo que nove a cada 10 desses casos continuam sem punição.
Segundo a presidenta da FENAJ, Samira de Castro, a Federação Internacional de Jornalistas busca junto aos membros das Nações Unidas a criação de uma convenção sobre a segurança de jornalistas em todo o mundo.