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Internacional

Unesco: cerca de 85% dos assassinatos de jornalistas passam impunes

Guerras provocaram aumento no número de crimes contra profissionais
Agência Lusa
Publicado em 02/11/2024 - 18:22
Paris
Palestinians in Gaza laid the body of slain Al Jazeera cameraman Samer Abu Daqqa to rest on Saturday (December 16), the day after he was killed in southern Gaza.
Frame Reuters
© Frame Reuters
Lusa

Cerca de 85% dos assassinatos de jornalistas passam impunes, segundo um relatório hoje publicado pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) para assinalar o Dia Internacional pelo Fim da Impunidade dos Crimes contra Jornalistas.

De acordo com o documento, em 2022 e 2023, houve uma queda de quatro pontos percentuais no número de assassinatos de jornalistas impunes na comparação com 2018 e de 10 pontos, na comparação com 2012.

A Unesco registrou 162 assassinatos de jornalistas e trabalhadores da imprensa em 2022 e 2023, traduzindo-se em aumento de 38% face a 2020 e 2021.

Para esta alta, a agência das Nações Unidas destaca o impacto das mortes em zonas de conflito que, com 44 mortes em 2023, atingiu o número mais alto desde 2018.

Nos países que não vivem conflito armado, “houve um pico significativo em 2022, com 60 assassinatos, o número mais alto já registrado pela UNESCO”, que no ano seguinte contrastou com o total anual (30) mais baixo desde 2008.

Em 2022, o México foi palco do maior número de assassinatos de jornalistas, com 19 casos, seguindo da Ucrânia (11) e Haiti (nove), enquanto no ano passado a Palestina registrou 24 mortes de jornalistas, à frente de México (sete) e Guatemala (cinco).

No biênio em análise, nos países lusófonos contaram-se quatro mortes: três no Brasil e uma em Moçambique.

Desde o início deste registro pela Unesco, em 2006, apenas 210 casos foram considerados resolvidos, em tempo de espera médio de quatro anos.

Em comunicado que acompanha o relatório, a diretora-geral da Unesco, Audrey Azoulay, pediu aos Estados-membros para “fazerem mais para assegurar que estes crimes nunca passam impunes”.

“Em 2022 e 2023, um jornalista foi assassinado a cada quatro dias apenas por fazer o seu trabalho de procurar a verdade. Para a vasta maioria destes casos, ninguém será responsabilizado. Apelo a todos os Estados-membros para fazerem mais para assegurar que estes crimes nunca passam impunes”, afirmou.

“Acusar e sentenciar estes perpetradores é uma alavanca enorme para prevenir futuros ataques a jornalistas”, acrescentou a responsável.