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Saúde

Covid-19: Rio estima ter mais infectados do que consta nos registros

Levantamento mostra até 80 vezes mais casos do que dados oficiais
Mariana Tokarnia - Repórter da Agência Brasil
Publicado em 22/06/2020 - 19:10
Rio de Janeiro
Coronavirus disease (COVID-19) outbreak in Rio de Janeiro
© Reuters/PILAR OLIVARES

A prefeitura do Rio de Janeiro estima que o número de pessoas infectadas pelo novo coronavírus em comunidades cariocas seja superior ao número de casos confirmados até o momento. A estimativa, divulgada hoje (22), foi calculada com base nos resultados de testes rápidos feitos em pessoas com 18 anos ou mais a partir do dia 1º de junho em seis localidades e mostra que o número de pessoas infectadas pode ser até mais de 80 vezes maior do que o registrado oficialmente. 

Com base nos resultados, a prefeitura estima que haja 39.881 infectados em Rio das Pedras, localizado na Zona Oeste capital; 24.397, na Maré, na Zona Norte; 16.059 na Rocinha, na Zona Sul; 15.851, em Realengo, na Zona Oeste; 15.547 em Campo Grande, na Zona Oeste; e 9.869 na Cidade de Deus, na Zona Oeste. 

Os número são superiores ao que constam no Painel Rio Covid-19.  De acordo com dados do painel, atualizados nesta segunda-feira, a Maré contava com 297 casos confirmados de covid-19 e 75 mortes; Rocinha, com 260 casos e 57 mortes; Realengo, com 1.110 casos e 212 mortes; Campo Grande, com 1.947 casos e 300 mortes; e Cidade de Deus, com 184 casos e 39 mortes. Não havia dados específicos de Rio das Pedras. Em toda cidade do Rio de Janeiro eram 50.922 casos e 5.875 mortes.  

Levantamento

Os resultados são da primeira etapa da pesquisa, realizada com metodologia do Ibope para identificar incidência e a letalidade da covid-19, doença causada pelo novo coronavírus, em comunidades. O trabalho analisou 3.210 coletas de testes rápidos feitos em moradores de seis regiões: Rocinha, Maré, Cidade de Deus, Rio das Pedras, Realengo e Campo Grande.

Quanto à letalidade, ou seja, o número de mortos em relação ao total de infectados, os índices constatados foram de 0,2% em Rio das Pedras; 0,3% na Maré e na Rocinha; 0,4% na Cidade de Deus; 1,2% em Realengo; e 1,8% em Campo Grande. “Chegou a circular em algum momento a notícia de que a taxa de letalidade por covid-19 no Rio era maior do que em outras grandes cidades do Brasil e do mundo, mas esse levantamento mostrou que não”, disse, em coletiva de imprensa, o prefeito, Marcelo Crivella. O índice nacional é de mais de 4%. 

Em relação aos sintomas, entre os que testaram positivo para o novo coronavírus, o índice que prevaleceu foi o de assintomáticos. Segundo a prefeitura, mais da metade das pessoas que tinham o vírus não apresentaram sintomas. Esse índice chegou a 52%. Apenas 1% dos entrevistados e testados relataram ter apresentado todos os sete sintomas averiguados: febre, cansaço, dor no corpo, dor de garganta, tosse, falta de ar e diarréia.

A pesquisa é dividida em cinco fases. A segunda começará no dia 1º de julho, nos mesmos locais. O trabalho serve, segundo a prefeitura, para acompanhamento sobre a prevalência e a incidência do novo coronavírus em áreas carentes e com grande número de pessoas. 

Salões de beleza 

Em coletiva de imprensa, o prefeito, Marcelo Crivella, anunciou também a autorização para funcionamento de salões de beleza. Esses estabelecimentos poderão abrir, mas somente em shoppings. 

Os salões terão que seguir uma série de regras para que não haja aglomeração, como fazer o atendimento exclusivamente com agendamento prévio e receber apenas metade da capacidade total de clientes. Não será permitido oferecer quaisquer serviços de alimentação para os clientes inclusive café e água. O distanciamento mínimo de dois metros entre os clientes também deverá ser respeitado pelos salões. 

Por enquanto, estão autorizados apenas os serviços de cabelos e unhas. Outros serviços como depilação e sobrancelhas ainda não estão autorizados. Segundo Crivella, os salões de rua ainda não estão autorizados a abrir, mas a expectativa é de que todo o setor esteja liberado ao funcionamento a partir da Fase 3 da abertura econômica, que tem previsão de início no dia 1º de julho.