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Saúde

Fiocruz: estudo aponta medicamento de ação prolongada contra HIV

Pesquisa foi realizada em 4.570 voluntários
Vinícius Lisboa - Repórter da Agência Brasil
Publicado em 13/07/2020 - 16:12
Rio de Janeiro
Teste rápido para HIV/AIDS.
© Arquivo/Marcelo Camargo/Agência Brasil

Um estudo clínico internacional que teve participação da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) constatou que a utilização do fármaco Cabotegravir injetável a cada oito semanas tem eficácia superior às doses diárias de Truvada na prevenção do HIV. Desde novembro de 2016, a pesquisa comparou os dois fármacos em 4.570 voluntários HIV negativo que utilizavam a profilaxia pré-exposição ao HIV (PrEP) em sete países, incluindo o Brasil.  

O estudo foi o primeiro ensaio clínico em larga escala contendo medicamento injetável de ação prolongada como forma de prevenção ao HIV. Os resultados foram apresentados na semana passada durante a 23ª Conferência Internacional da Aids.

A primeira das três análises intermediárias previstas no protocolo do estudo mostrou que a contaminação dos usuários do Cabotegravir injetável de longa duração foi 66% inferior à das pessoas que usaram doses diárias de Truvada. Ao todo, 52 pessoas adquiriram HIV durante a pesquisa - 39 delas usaram a PrEP de Truvada, e 13 a de Cabotegravir.

A chefe do laboratório de Pesquisa Clínica em DST e Aids do Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas (INI/Fiocruz), Beatriz Grinsztejn, coordenou o estudo em parceria com Raphael Landovitz, professor associado da Divisão de Doenças Infecciosas da David Geffen School of Medicine, na Universidade da Califórnia em Los Angeles (UCLA).

O estudo, chamado de HPTN 083, foi realizado pela rede de pesquisa HIV Prevention Trials Network (HPTN), da qual o laboratório da Fiocruz é integrante desde 1999. O  financiamento foi do National Institute of Allergy and Infectious Diseases/National Institutes of Health (NIAID/NIH) dos Estados Unidos.

As pessoas que participaram da pesquisa são homens gays, homens que fazem sexo com homens e mulheres travestis e trans que fazem sexo com homens, sendo dois terços com menos de 30 anos e 12% mulheres trans e travestis. O estudo foi planejado para ter maior foco em populações vulneráveis que estavam pouco representadas em estudos anteriores, como jovens, negros, travestis e mulheres trans. Os voluntários e voluntárias foram acompanhados em 43 centros de pesquisa da África do Sul, Argentina, Brasil, Estados Unidos, Peru, Tailândia e Vietnã. O INI/Fiocruz teve o maior número de participantes, com 240.