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Saúde

Prevalência de covid-19 é de 13,6% na capital paulista, indica estudo

Doença afeta mais pobres, pretos, pardos e menos escolarizados
Flávia Albuquerque – Repórter da Agência Brasil
Publicado em 13/10/2020 - 15:54
São Paulo
Comercio de rua, São Paulo (SP) , pandemia de coronavírus.
© REUTERS/Amanda Perobelli/Direitos Reservados

A prevalência de infectados pela covid-19 na cidade de São Paulo chegou a 13,6% da população, ou seja, 1.614.274 residentes na capital paulista já tiveram contato com o vírus e têm anticorpos, de acordo com o resultado da fase 7 do inquérito sorológico feito pela prefeitura e apresentado hoje (13).

O inquérito começou a ser feito em junho e partiu da fase zero, na qual a prevalência era de 9,5%. Na fase 1, esse percentual foi de 9,8%; na fase 2, de 11,1%; na fase 3, 10,9%; na fase 4, 11%; na fase 5, 13,9 %; na fase 6, 11,9%. 

Nesta fase foram entrevistados e testados moradores de domicílios com base nos dados de IPTUs, hidrômetros e de 472 unidades básicas de saúde e feitas 2.016 coletas de material para exame. Com esses dados, a prefeitura paulistana pretende conhecer a situação sorológica da população da cidade e direcionar as estratégias de saúde para combater de maneira mais eficiente a covid-19.

Entre todas as etapas da análise, o destaque ficou para a fase 5 na qual a prevalência registrada foi de 13,9%, com 1.994.102 já infectadas pela covid-19. “O pico da fase 5 coincidiu com a introdução e consolidação da flexibilização na fase amarela do Plano São Paulo em 24 de julho. Tivemos a maior prevalência nas regiões chamadas dormitórios, na zona leste, com 19,6% e zona sul, com 19,6%”, disse o secretário municipal de Saúde, Edson Aparecido. 

Segundo o inquérito sorológico, a análise das oito fases mostra que a partir da fase 3 há maior prevalência em jovens e adultos até 49 anos e na fase 7 na faixa de 35 a 49 anos. O estudo mostra ainda a consolidação de uma relação inversa entre a prevalência e a escolaridade e aponta que a infecção entre os indivíduos pretos e pardos foi o dobro da registrada nos brancos nas fases 4 e 7.

Os dados sugerem maior risco de contrair a doença nas classes D e E, sendo de duas a seis vezes maior do que entre as classes A e B. Além disso, casas com um ou dois moradores indicaram menos infecção do que casas com cinco ou mais pessoas.

O inquérito mostra ainda que, em todas as fases (com exceção da 3), a prevalência em pessoas que não aderiram ao isolamento social foi maior de uma a três vezes. Já o teletrabalho protege de duas a quatro vezes mais o indivíduo de contrair a doença. 

De acordo com as informações desta fase do estudo, a prevalência de covid-19 foi menor nos locais onde o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) é mais alto, com diferenças significativas na comparação às faixas de IDH intermediário e baixo nas fases 2, 3, 6 e 7. As estimativas de prevalência nas faixas de IDH mais alto oscilam entre 3% e 9,5%.

A proporção de assintomáticos, aqueles que não se queixaram de sintomas gripais desde o início de março, ficou entre 31,1% e 43,7%. 

Escolares 

De acordo com o inquérito sorológico feito entre alunos da rede de ensino municipal, estadual e privada da cidade de São Paulo, a fase 4 indica que a prevalência de alunos que já contraíram covid-19 e tem anticorpos para a doença é de 16,0%, chegando a 236.841 mil alunos. Na rede municipal essa taxa é de 17,6%, na rede estadual 15,4% e nas escolas particulares é de 12,6%. 

Quando se analisam as 4 fases conjuntamente, o estudo mostrou que a taxa de crianças assintomáticas variou de 64,4% a 69,5%; que a prevalência maior é entre alunos de cor preta e parda, variando de 17,6% a 20%. Entre as classes sociais, predominam os indivíduos das classes D, E e C além de alunos da rede pública que vivem com algum adulto acima de 60 anos (de 26,0% a 29,6%). A adesão ao distanciamento social permaneceu elevada em todas as fases (98,2%) e o uso de máscara foi apontado em 93%.

Segundo o prefeito de São Paulo, Bruno Covas, os resultados indicam taxas decrescentes na capital paulista, mas continuam acentuando a desigualdade social quando mostram que a doença afeta mais a população pobre, com presença maior nos bairros de menor Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), os pretos e pardos e os menos escolarizados.

“Vamos continuar na atuação segmentada com foco nos distritos de maior incidência. Estamos trabalhando na questão do retorno às aulas e, na quinta-feira da próxima semana, teremos o resultado da primeira fase do censo com todos os professores e alunos da rede municipal para decidirmos sobre a volta a partir do dia 3 de novembro,  já que desde do dia 7 foram liberadas as atividades extracurriculares”.