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Galinho de Brasília embala foliões no ritmo do frevo

Mais de 60 mil pessoas devem passar pelo bloco
Luciano Nascimento - Repórter da Agência Brasil
Publicado em 03/03/2014 - 19:47
Brasília
Galinho de Brasília
© Marcelo Camargo/Agência Brasil

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Ao som de instrumentos de sopro tocados do alto de um carro de som, muitas sombrinhas de frevo e fantasias coloridas, os foliões do Distrito Federal (DF) se reuniram mais uma vez para participar do Galinho de Brasília. O bloco, que é uma espécie de embaixador do ritmo pernambucano, voltou a desfilar nesta segunda-feira de carnaval (3). Os foliões se concentraram no Setor de Autarquias Sul, de onde o Galinho partiu em desfile até a Esplanada dos Ministérios.

Este ano, a expectativa é que 60 mil foliões passem pelo Galinho. São jovens, idosos e crianças dançando e cantando. Algumas fantasias surpreendem por fazerem "homenagens" ou protestos bem- humorados sobre situações do cotidiano. É o caso da servidora pública Elda Martins, acompanhada de amigos, que decidiu se vestir de cone de trânsito. O grupo se inspirou em reportagens publicadas pela imprensa que apontam suspeita de irregularidades na compra dos cones pelo governo - em 2013, foram comprados 15 mil cones. Estima-se que, em todo o DF, são 40 mil peças, conforme as matérias. "Estamos pedindo o tombamento destas peças que ocupam as ruas de Brasília. Queremos que eles sejam declarados Patrimônio da Humanidade, como Brasília", brincou Elda.

Brasília - Foliões se divertem no último dia do bloco carnavalesco Galinho de Brasília (Marcelo Camargo/Agência Brasil)

Foliões se divertem no último dia do bloco carnavalesco Galinho de BrasíliaMarcelo Camargo/Agência Brasil

A servidora também mandou um recado para quem costuma consumir bebidas alcoólicas e dirigir. Este ano, o slogan da campanha Carnaval 2014, do Pacto Nacional pela Redução de Acidentes (Parada - Um Pacto pela Vida), é "Não seja vítima do álcool, seu carnaval não precisa acabar assim". A campanha faz uma analogia entre os elementos alegres dos desfiles de carnaval, como os carros alegóricos e a comissão de frente, e a trágica realidade dos acidentes e mortes que ocorrem nas ruas e estradas nesta época. "As pessoas não podem colocar em risco a vida delas e de outras pessoas desta forma. Nós sempre costumamos reservar um dinheiro para o táxi, assim não há risco", aconselhou.

Já o técnico em segurança no trabalho, Eliezer Torres, aproveitou o carnaval do Galinho para, a seu modo, protestar contra os gastos com a Copa do Mundo. Ele e parentes formaram um time que mostrava, o "retrato da imoralidade com os gastos da copa". Eliezer lembrou que o Galinho também é conhecido por acolher todo mundo de maneira democrática e tranquila. "Todos os anos venho com minha família, é muito tranquilo e divertido", disse. 

Fundado em 1992 por um grupo de amigos nordestinos que não tinha dinheiro para viajar e brincar o carnaval em Pernambuco, o bloco brasiliense surgiu com o nome Galinho da Madrugada, em alusão ao bloco pernambucano O Galo da Madrugada, que sai também neste sábado. Junto com o bloco, surgiu o Grêmio Recreativo da Expressão Nordestina - Galinho de Brasília, com o objetivo de recuperar e difundir os valores das tradições culturais nordestinas na capital federal.

"Quando o governo Collor confiscou a poupança, ninguém tinha dinheiro para ir ao carnaval do Recife", disse um dos diretores do Galinho, Sérgio Luiz de Farias Brasiel. Hoje, o bloco conta com um estrutura semelhante a das agremiações que desfilam pelas ruas do Recife e ladeiras de Olinda. O bloco tem a sua própria orquestra de frevos - Orquestra do Galinho - sob a batuta do maestro Paulo, com cerca de 40 músicos.