Jogos Mundiais Indígenas também têm espaço para inclusão digital
Os Jogos Mundiais dos Povos Indígenas também têm sido um espaço de troca de conhecimento sobre o universo digital. A vila onde as competições estão ocorrendo conta com um ambiente reservado para a discussão sobre inclusão digital e para cursos na área de informática, chamado Oca Digital.
Os índios brasileiros, de várias etnias, têm ocupado a oca para participar das oficinas conduzidas pelos instrutores do Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (Senac Tocantins). A turma é aplicada e, em sua maioria, já tem conhecimentos básicos de informática e conta com perfis nas redes sociais. Entre uma anotação e outra na aula, era fácil ver alguns dos alunos dando uma escapada para acessar o Facebook e o Instragam em sua versão web.
Ao todo são oito oficinas, com os temas comunicação em mídias sociais (dias 24 e 28/10); criando blogs interativos (27 e 31/10); tratamento e edição de imagens (25 e 29/10); e web conferências: facilidades e vantagens (26 e 30/10). Os cursos reúnem cerca de 30 alunos por dia, das 9h às 11h. Como o número de índios interessados é maior do que o número de computadores, muitos acompanham as aulas como ouvintes. Elas são dadas de maneira didática, com a ajuda de um telão conectado à internet, em que os instrutores mostram o passo a passo de como criar um blog ou montar uma webconferência.
Frederico Pires, um dos instrutores do Senac, disse que os cursos foram montados a partir das demandas apresentadas pelo Comitê Intertribal Indígena, que organiza os jogos. “A programação foi centrada nas necessidades dos povos. A gente tentou levantar quais eram as demandas e percebemos que eles tinham a vontade de usar a web para a expor a cultura deles. Então nós estamos ensinando como criar páginas no Facebook, fazer blog interativo e até como usar as redes para divulgar os blogs que eles estão criando aqui”.
Na aula desta segunda-feira (26), a aluna Nahuria Javaé, do Tocantins, realizou o sonho antigo de criar um blog para divulgar a cultura e os costumes do povo Javaé. “Estamos participando para poder aprender e ajudar outros índios. Minha proposta é colocar no blog os vídeos dos rituais, as festas culturais para poder mostrar para os outros tudo que nós fazemos na nossa aldeia. Eu quero que o blog também sirva para manter contato com outras etnias”, disse.
Luciana Rakibata, de Mato Grosso, buscava aprender a fazer algo mais simples. Hoje ela criou uma conta de e-mail. “Eu queria usar o e-mail para poder ter contato com outras pessoas. A primeira vez que eu fiz um e-mail não sabia como enviar mensagens, mas agora que eu aprendi, estou achando muito bom”. Sem internet em sua aldeia, Luciana só vai poder acessar o novo e-mail nas aldeias vizinhas que ficam a mais de 14 quilômetros da sua. “Seria bom se também tivesse internet lá”.
A experiência tem sido considerada positiva pelo instrutor Fredeito Pires. “Para mim, pessoalmente, tem sido um ganho muito grande porque é interessante essa troca de cultura e a possibilidade de conversar com eles, aprender palavras nas línguas indígenas. Tem sindo muito enriquecedor para mim como professor e como educador”.
Os Jogos Mundiais dos Povos Indígenas estão ocorrendo em Palmas, capital do Tocantins, até o dia 31 de outubro.
Indígenas fazem curso digital durante Jogos Mundiais