Blocos tradicionais reclamam de abandono pela prefeitura do Rio

Blocos tradicionais, ligados à própria história do carnaval carioca, se sentem abandonados pelo poder público municipal. Depois de serem transferidos da Avenida Rio Branco, por causa de obras, para a Avenida Graça Aranha – menos imponente e mais escondida do público –, os integrantes de blocos como Cacique de Ramos, Bafo da Onça e Turma do Gato reclamaram que não houve apoio financeiro este ano, nem divulgação por parte da prefeitura do Rio de Janeiro.
Blocos de rua tradicionais, como Cacique de Ramos e Bafo da Onça, entre outros, desfilam no centro do Rio e reclamam falta de apoio da prefeitura e da Riotur
“A pista está vazia. O Cacique de Ramos não é bloco para desfilar para este público [pequeno]. Não houve divulgação. Eu tenho 54 anos no Cacique. Desde o ano passado, quando fomos empurrados para a Graça Aranha, não estamos vendo apoio. O povo não sabe que estamos aqui. Ficamos em segundo ou terceiro plano”, reclamou Antônio Rozales Munhoes, conhecido como Onça, diretor de Patrimônio do Cacique, bloco criado em 1961.
Entre os integrantes de outro bloco igualmente famoso, o Bafo da Onça, fundado em 1956, o sentimento de abandono era o mesmo. “Tem que haver uma organização melhor. Estamos largados aqui. Como a Avenida Rio Branco era tradicional e as pessoas iam para lá todos os anos, de repente elas se sentiram meio perdidas. Faltou uma orientação do poder público”, disse o vice-presidente do bloco, Beto Azevedo.
Segundo ele, “no ano passado já não teve uma iluminação adequada nem uma decoração, e este ano está pior ainda. Nós somos os blocos tradicionais e precisaríamos de um espaço melhor para fazermos os desfiles como antigamente. Eu sugiro que a prefeitura abra a Avenida Presidente Vargas, da Igreja da Candelária até a Avenida Passos, e faça ali uma arquibancada. Se não, nós estamos acabando”, advertiu.
A falta de apoio público levou às lágrimas a presidenta do bloco Turma do Gato, agremiação com mais de 60 carnavais, Célia Marques. “Já que passou para cá, tem que haver maior divulgação. São blocos que fazem parte da cultura do Rio de Janeiro. O meu tem 66 anos. Foi criado pela minha avó, que fez a nossa primeira bandeira. Os nossos blocos não estão tendo, pela Riotur [Empresa de Turismo do Município do Rio], este reconhecimento. Só quem tem valor para eles são esses blocos que botam trio elétrico, chamam a garotada e acabam em briga. Nós, este ano, não recebemos nada de verba. Estamos fazendo por amor”, desabafou Célia.
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Blocos de rua tradicionais desfilam pelo centro do Rio
Nesta segunda-feira (8), desfilaram Turma do Gato, Balanço de Pilares, Xodó da Piedade, Hora Certa, Boêmios de São Cristóvão, Vai Quem Quer, Deixa Falar, Turma do Serrote, Bafo da Onça e Cacique de Ramos.
O desfile dos blocos tradicionais sempre foi uma referência para o público com menos dinheiro, pois não é preciso pagar para assistir. Muito antes da explosão de blocos pela cidade, fenômeno que aconteceu nos últimos anos, foram esses blocos antigos que mantiveram vivo o carnaval de rua na cidade. O terceiro e último dia do desfile dos blocos na Avenida Graça Aranha será nesta terça-feira (9), a partir do início da tarde. O último a defilar será, como em todos os anos, o Cacique de Ramos.
Procurada por meio de sua assessoria de imprensa, a Riotur não se posicionou até a publicação desta matéria.
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