Segundo dia de desfiles em SP destaca Gilberto Gil, Alcione e Roberto Bolaños

Publicado em 11/02/2018 - 09:28 Por Bruno Bocchini - Repórter da Agência Brasil - São Paulo

São Paulo X9 Paulistana abre o segundo dia de desfile das escolas de samba paulistanas do Grupo Especial (Divulgação/LigaSP)

X9 Paulistana abre o segundo dia de desfile das escolas de samba do Grupo Especial Divulgação/LigaSP

No segundo e último dia de desfile das escolas de samba paulistanas do Grupo Especial, sete agremiações se apresentaram na noite deste sábado (10) e madrugada de hoje (11) no Sambódromo do Anhembi, na capital paulista. O destaque ficou para as homenagens a dois grandes cantores da música brasileira: Gilberto Gil, exaltado pela Vai-Vai, e Alcione, homenageada pela Mocidade Alegre. A Unidos de Vila Maria fez um tributo ao ator e diretor mexicano, Roberto Bolaños, criador do seriado Chaves.

A Dragões da Real, que apresentou uma quadrilha caipira em ritmo de samba na avenida, também destacou cantores populares, como Sérgio Reis e Roberta Miranda. Com o sambódromo praticamente lotado, as escolas populares Vai-Vai e a Gaviões da Fiel, que cantou a cidade de Guarulhos, foram as que mais levantaram o público. A Império da Casa Verde apostou em uma temática politizada, e abordou a desigualdade social brasileira, fazendo um paralelo com a Revolução Francesa.

A apuração dos desfiles de São Paulo ocorrerá na tarde de terça-feira (13). As quatro primeiras colocadas entre as 14 agremiações participarão do Desfile da Campeãs, na sexta-feira (16). As duas últimas serão rebaixadas e disputarão o Grupo de Acesso em 2019.

X9 Paulistana

No retorno ao grupo especial do carnaval paulistano, a escola da zona Norte da capital paulista foi a primeira da noite e cantou na avenida a criatividade popular dos ditados populares. O samba-enredo A Voz do Samba É A Voz de Deus. Depois da Tempestade, Vem A Bonança!” encontrou um sambódromo praticamente lotado e que se animou com a temática apresentada pela agremiação.

Em sintonia com a letra do enredo, a bateria da escola fez diversas paradinhas em que manteve apenas a batidas dos surdos, que simulavam a pulsação de um coração. Apesar de a evolução da escola ter tido problemas, e a agremiação quase ter estourado o tempo de desfile, os carros alegóricos mantiveram um tom bem-humorado ao contar a origem dos ditados populares.

Império da Casa Verde

Com uma temática politizada, a escola de samba Império de Casa Verde colocou na avenida a problemática da desigualdade social brasileira. O enredo O Povo: A Nobreza Real fez uma conexão entre a Revolução Francesa e o momento político atual do Brasil.

A comissão de frente da escola foi um dos destaques do desfile: um carro alegórico com uma enorme guilhotina simulava a decapitação de um dos passistas. Sobre o veículo, a identificação: “O Povo”. Entre as inspirações do samba-enredo estão o romance Os Miseráveis, de Victo Hugo, e a novela Que Rei Sou Eu?, de Cassiano Gabus Mendes. No desfile, o povo consegue tomar as rédeas do país.

Mocidade Alegre

Celebrando os 70 anos da cantora Alcione, a Mocidade Alegre homenageou a “Marrom” no sambódromo paulistano. O samba-enredo Alcione: A Voz Marrom que Não Deixa o Samba Morrer cantou a origem maranhense e diversas facetas da artista, como sua ligação com a escola de samba Mangueira, do Rio de Janeiro, além da participação da cantora na luta contra a ditadura.

Parte da escola desfilou com as cores verde e rosa, e a bateria da agremiação, por vezes, adotou a batida típica da Mangueira – com os surdos, no jargão dos sambistas, “sem resposta”. A batida usada na festa maranhense do Bumba Meu Boi também foi trazida para avenida pelo corpo instrumental da agremiação, como uma homenagem à cidade natal da Alcione, São Luís.

Vai-Vai

Levantando o público do sambódromo paulistano, a escola do tradicional bairro do Bixiga, região central da capital paulista, fez uma grande homenagem ao cantor e compositor Gilberto Gil. O samba-enredo Sambar com Fé eu Vou fez referência ao aspecto eclético da obra do artista. Os expectadores acompanharam todo o desfile agitando bandeirolas distribuídas pela agremiação ao público das arquibancadas. Gilberto Gil desfilou com sua vestimenta do bloco baiano Filhos de Gandhi.

A escola, considerada a mais popular da cidade, e a maior vendedora do carnaval de São Paulo, abordou a atuação política do artista, militante contra a ditadura, exilado, vereador em Salvador e ministro da Cultura. Uma das alas de maior destaque da escola foi a Liberdade de Expressão, em que houve a representação de um grupo de soldados com vestimentas pretas, escudos e capacetes da Tropa de Choque da polícia.

Gaviões da Fiel

A escola de samba Gaviões da Fiel, ligada à torcida organizada do Corinthians, levantou o público, assim como ocorreu com a Vai-Vai. Muitas bandeirolas foram agitadas pelo público durante a passagem da escola. A cidade de Guarulhos, vizinha de São Paulo, foi a inspiração da agremiação.

Com o samba-enredo Guarus – Na Aurora da Criação, a Profecia Tupi… Prosperidade e Paz aos Mensageiros de Rudá, a escola contou a história dos índios Guarus, que habitaram a região e inspiraram o nome do município. O tema do carnaval da Gaviões foi desenvolvido a partir de uma parceria da escola com a prefeitura de Guarulhos.

Um dos destaques da escola foi o carro alegórico que representou o aeroporto internacional de Guarulhos, todo em branco, com riqueza de detalhes. Durante o desfile da escola, simpatizantes da agremiação, presentes nas arquibancadas, ascenderam sinalizadores. Os artefatos produziram uma forte nuvem de fumaça, o que chegou a dificultar a visualização dos carros alegóricos da escola.

Dragões da Real

Ao apostar na fusão da música caipira com o samba, a Dragões da Real levou para a avenida o enredo Minha Música, Minha Raiz: Abram A Porteira para Essa Gente Caipira e Feliz!, que cantou a cultura da vida do campo, a música e as festas da roça. Os intérpretes da escola abriram o desfile cantando Romaria, de Renato Teixeira, um dos hinos da música caipira.

A apresentação de uma quadrilha, em ritmo de samba, na avenida foi um dos destaques do desfile. A escola ainda mostrou o desenvolvimento da música caipira, como chegou aos centros urbanos e se tornou fenômeno nas últimas décadas no país. Roberta Miranda e Sérgio Reis foram alguns dos destaques da agremiação.

Unidos da Vila Maria

Aproveitam-se de minha nobreza, você não soube, não te contaram? Suspeitei desde o princípio. Não contavam com minha astúcia. Arriba, Bolaños, Arriba Vila, Arriba México! foi o título do samba-enredo da escola de samba Vila Maria, que homenageou o ator, diretor e humorista Roberto Bolaños, que imortalizou os personagens Chapolin Colorado, Chaves e sua turma.

A homenagem a Bolaños serviu para conduzir um desfile que falou também do México, sua história e as contribuições que as civilizações maia e asteca deram para a humanidade. Outro personagem de destaque da apresentação foi a artista e ativista política Frida Kahlo.

Edição: Talita Cavalcante

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