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Direitos Humanos

Moradores da Maré participam de decisão sobre cursos técnicos na comunidade

Isabela Vieira - Repórter da Agência Brasil
Publicado em 16/05/2014 - 17:14
Rio de Janeiro

Moradores do Complexo de Favelas da Maré, na zona norte do Rio de Janeiro, conheceram hoje (16) cursos técnicos de qualificação profissional e de línguas estrangeiras que serão oferecidos na comunidade. Em uma reunião na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), o governo do estado apresentou o projeto do Centro Vocacional Tecnológico (CVT). A unidade terá 2 mil vagas e deve ser inaugurada até o fim deste ano, ao lado da Vila Olímpica da Maré.

Segundo Andrea Matos, presidenta da Associação de Moradores de Nova Holanda, uma das 16 comunidades da Maré, o curso mais esperado é de soldador. “O curso é maravilhoso porque ficamos próximos a um estaleiro e já temos muitos moradores que já trabalham lá, na Praia da Rosa”, disse. A estimativa é que o salário de um profissional do setor chegue a R$ 5 mil.

Além do curso de soldador, serão oferecidos cursos técnicos para formar profissionais da área de química, terapeutas corporais, caldeireiros, serralheiros, operadores de empilhadeira, assistentes de operações em logística, operadores de computador, entre outros profissionais. Vagas em cursos de inglês e espanhol também serão ofertadas. Poderão participar pessoas com o ensino médio completo ou em conclusão.

Segundo o secretário estadual de Ciência e Tecnologia, Alexandre Vieira, os cursos foram escolhidos com os moradores, considerando oportunidades de trabalho no entorno da Maré. “Fizemos um estudo e construímos o CVT de acordo com a demanda das empresas”, disse.

Interessados em participar, os moradores do Piscinão de Ramos e Roquete Pinto, na Maré, estão preocupados com a condução até o CVT. Eles querem o governo disponibilize vans até a Vila Olímpica ou que os cursos sejam ofertados em lugares mais próximos. “A minha comunidade fica distante e os moradores não vão ter acesso”, reclama o presidente da Associação de Moradores do Piscinão, Cristiano Reis.

Já os moradores da Baixa do Sapateiro, que torcem pelos cursos profissionais, lembram que também são necessárias mais creches e escolas de ensino médio. “Temos um déficit grande. Mas umas três escolas de ensino médio nos atenderia”, disse Charles Gonçalves.

Pensando nas comunidades distantes, o governo informou que o CVT pode pagar o Vale-Transporte para alguns estudantes. O governo também disse que vai inaugurar uma escola de ensino médio na Vila Olímpica com o CVT. Já a prefeitura pretende abrir seis creches até 2016.

O Complexo da Maré reúne 16 comunidades em uma região à margem da Baía de Guanabara. 200 mil pessoas vivem no local, segundo as associações. O Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) medido em 2000 era 0,7, em uma escala de 0 a 1. Porém, ainda são encontradas pessoas vivendo em situação de extrema pobreza, às margens do manguezal.