Auditores fiscais do trabalho pedem julgamento de acusados da Chacina de Unaí
Auditores fiscais do trabalho fizeram, na manhã desta quarta-feira (28), manifestação em frente ao Supremo Tribunal Federal (STF), com faixas, camisetas, placas e pedindo justiça, eles lembraram os 11anos do assassinato de três fiscais e um motorista durante uma fiscalização no interior de Minas Gerais. O episódio ficou conhecido como Chacina de Unaí. Até agora, apenas três dos nove indiciados foram julgados e condenados.
As viúvas das vítimas, o ministro do Trabalho e Emprego (MTE), Manoel Dias, e a presidenta do Sindicato Nacional dos Auditores Fiscais do Trabalho (Sinait), Rosa Maria Campos Jorge, reuniram-se com a ministra do STF Cármen Lúcia. “Nós achamos que está demorado demais porque tem dois anos que eles impetraram o pedido de habeas corpus”, disse Rosa, em referência ao recurso usado por Norberto Mânica, acusado de ser um dos mandantes do crime, e por José Alberto de Castro, de ser intermediário, para tentar transferir o julgamento da cidade de Belo Horizonte para Unaí.
Segundo o sindicato, o processo encontra-se parado no STF com o ministro Dias Toffoli, que pediu vista. Na reunião, os participantes pediram celeridade no julgamento do caso. “A ministra Cármen Lúcia nos recebeu. Ela vai, a partir de segunda-feira (2), tentar localizar o processo e, na medida que puder, ajudar a agilizar o julgamento”, disse o ministro Dias.
Para o sindicato e parentes das vítimas, a transferência do julgamento de Belo Horizonte para Unaí pode significar a impunidade dos acusados, entre eles os irmãos Norberto e Antério Mânica. “Os mandantes são pessoas muito poderosas economicamente. Os maiores empregadores e compradores da região. Eles têm a população nas mãos. São esses que vão integrar o corpo de jurados. Certamente essas pessoas vão se sentir pressionadas a votar a favor dos réus”, afirma a presidenta do Sinait.
Helba Soares da Silva, viúva de Nelson José da Silva, um dos auditores mortos na chacina, também acredita que a isenção do julgamento só será possível se o processo permanecer em Belo Horizonte. “Estamos vendo a impunidade e tristes, por estar vindo, há 11 anos, estar vindo aqui, todo ano, ‘mendigar’ justiça. Pedir que a justiça seja feita e agora, mais essa, deles quererem levar o julgamento para Unaí. Se for para essa cidade, posso dar a sentença agora. Ele tá livre.”
A Chacina de Unaí aconteceu em 2004 no dia 28 de janeiro. Para homenagear as vítimas, a data foi escolhida como Dia Nacional do Auditor Fiscal do Trabalho e é também dedicada à Semana Nacional de Combate ao Trabalho Escravo.