Defensor nega perseguição política e violação de direitos humanos na Venezuela

Publicado em 07/05/2015 - 20:19 Por Luciano Nascimento - Repórter da Agência Brasil - Brasília

A violação de direitos humanos e a perseguição a políticos da oposição na Venezuela foram negadas hoje (7) pelo defensor do povo da República Bolivariana da Venezuela, Tarek Saab, durante audiência pública na Comissão de Direitos Humanos (CDH) do Senado, onde falou sobre a situação dos direitos humanos naquele país.

Saab questionou as afirmações da mulher do prefeito de Caracas, Mitzy Capriles Ledezma. Hoje de manhã, acompanhada da filha, também chamada Mitzy, ela esteve no Senado pedindo aos senadores de oposição ajuda para libertar o marido, Antônio Ledezma, preso em fevereiro deste ano.

“[Elas] dizem que ele está em uma espécie de cárcere incomunicável, como se estivesse em uma casa clandestina. Isso não é verdade. Atualmente, por determinação da Justiça, Ledezma cumpre prisão domiciliar", informou Saab. "Eu mesmo o visitei para saber se havia alguma violação de direitos humanos", completou.

O defensor também rebateu as acusações de que o governo do presidente Nicolás Maduro persegue politicamente seus opositores, entre eles, o líder do partido político Vontade Popular, Leopoldo López, preso desde fevereiro de 2014, acusado de incitar a violência em manifestações contra o governo. “Nosso país vive uma intensa democracia participativa, mas com muitos debates, assim como outros países latino-americanos”, afirmou.

Para Saab, se houvesse perseguição ou ditadura "não teríamos governadores, prefeitos e parlamentares de oposição eleitos. Que ditadura é essa que, em 15 anos, consultou 18 vezes seu povo de maneira local e nacional para renovar mandatos de presidentes, governadores, prefeitos e para consultar a população sobre temas relevantes para a Venezuela?”.

Saab, que preside a Defensoria do Povo, instituição responsável por zelar pelos direitos humanos no país, explicou que a oposição está se negando ao diálogo e classificou as manifestações ocorridas entre fevereiro e maio do ano passado como “terroristas”.

"Em 2014, vivemos uma circunstância crítica que qualifico de insurrecional. Um setor extremista da política decidiu não aceitar o governo constitucionalmente eleito e promoveu manifestações de cunho violento, que resultaram na morte de 43 venezuelanos, além de 800 feridos. Das 43 mortes, cinco resultaram da atuação irregular do corpo de segurança do Estado. Os responsáveis estão presos, processados por homicídio. Os outros 38 venezuelanos foram mortos pela ação de manifestantes armados”, acrescentou.

Aos senadores da CDH, ele disse que López foi preso, após investigações do Ministério Público, por incitar as manifestações entre fevereiro e maio do ano passado e que Ledezma é acusado de "apoiar grupos que pretendiam desestabilizar o país por meio de ações violentas”. Saab entregou à comissão uma pasta com fotos e informações sobre a atuação da defensoria nos episódios.

De acordo com o defensor, a maior parte das informações a respeito da Venezuela chega de forma distorcida ao Brasil. Segundo ele, isso é resultado de uma batalha midíática patrocinada pela oposição. “A batalha midiática é complicada, pois ou se oculta toda a informação ou ela é parcialmente apresentada. Sabemos que meia-verdade acaba sendo uma mentira”, destacou.

Pela manhã, em audiência pública na Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional (CRE) do Senado, o governo de Nicolás Maduro foi denunciado por violação de direitos humanos por mulheres de políticos oposicionistas presos. Segundo Lilian Tintori, uma das mulheres presentes à audiência, há 89 políticos presos.

“Estamos à beira de uma crise humanitária. Meu esposo está preso injustamente há um ano e três meses por denunciar o regime de Maduro que tem todas as características de uma ditadura. Hoje, há 89 presos políticos na Venezuela. São inocentes. Pedimos ajuda ao Brasil para levantar a bandeira da democracia”, apelou Lilian, mulher do líder oposicionista Leopoldo López.

A senadora Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM) criticou a violência das manifestações na Venezuela e defendeu que a disputa entre governo e oposição seja pela via do “diálogo e da democracia”. “A Venezuela terá eleições parlamentares este ano. É uma oportunidade para a oposição testar seu apoio com a população.”

A senadora lamentou a ausência na audiência pública dos senadores que criticam a posição do governo venezuelano. Segundo ela, a oposição não tem interesse em debater verdadeiramente o que ocorre no país vizinho. "A presença das mulheres de opositores ao governo da Venezuela foi utilizada para explorar a questão nos meios de comunicação", concluiu.

Edição: Armando Cardoso

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