Funai quer reforço para acabar com conflito entre fazendeiros e índios em MS

Publicado em 21/09/2015 - 19:27 Por Akemi Nitahara - Repórter da Agência Brasil - Rio de Janeiro

O líder indígena kayapó, cacique Akiaboro Kayapó, durante visita da diretora-geral da Unesco, Irina Bokova, ao Museu do Índio (Fernando Frazão/Agência Brasil)

O líder indígena kayapó, cacique Akiaboro Kayapó, disse que, só este ano, 16 índios foram mortos nos confrontos com os fazendeiros de Mato Grosso do SulFernando Frazão/Agência Brasil

Por causa do conflito fundiário entre índios guarani-kaiowá e fazendeiros em Mato Grosso do Sul, o Ministério da Justiça pode reforçar a presença da Polícia Federal e da Força Nacional no estado. A informação é do presidente da Fundação Nacional do Índio (Funai), João Pedro Gonçalves da Costa, que participou hoje (21) de evento no Museu do Índio, no Rio de Janeiro.

De acordo com Gonçalves da Costa, é mais difícil ampliar a presença do Exército, porque isso depende de decisão da Presidência da República, enquanto que a Polícia Federal e a Força Nacional são subordinadas ao Ministério da Justiça, assim como a Funai.

“A Funai não aceita esse tipo de agressão aos povos Terena e Guarani, queremos repudiar essa atitude, que é um caso de polícia. Então, temos que ampliar [a presença das forças de segurança], porque o Exército está em um território apenas de fronteira. Queremos repelir esses ataques, repudiar essa violência contra o povo guarani. A nossa iniciativa é no sentido de coibir a violência, de coibir essas agressões. A Polícia Federal está atuando, a Força Nacional também, o Exército está em uma localidade da fronteira com o Paraguai”.

Gonçalves da Costa confirmou que no último sábado, por volta das 5h, um grupo com cerca de 15 guaranis, inclusive jovens e crianças, foi agredido na região da cidade de Iguatemi, próximo à fronteira com o Paraguai e à divisa com o Paraná.

O presidente da Funai, João Pedro Gonçalves da Costa, durante visita da diretora-geral da Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (Unesco), Irina Bokova, ao museu (Fernando Frazão/Agência Brasil)

O presidente da Funai, João Pedro Gonçalves da Costa, participou da visita da diretora-geral da Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (Unesco), Irina Bokova, ao Museu do Índio, no RioFernando Frazão/Agência Brasil

“Eles foram esmurrados, amarrados e levados para a margem de um rio. A equipe da Funai foi para lá, passou o final de semana junto, providenciou o exame de corpo de delito, denunciamos na polícia estadual e [reforçamos] a presença da Polícia Federal nas vicinais, nas estradas ali, para evitar o confronto”.

O líder indígena Akiaboro Kayapó, de Moikaraku, no Pará, afirmou que só este ano, 16 índios foram mortos nos confrontos com os fazendeiros de Mato Grosso do Sul. “É por isso que eu estou anunciando para todos, na frente das autoridades, para cobrar o Brasil, cobrar os juízes e cobrar os brasileiros, para respeitar nossos parentes. Os parentes morreram nas mãos dos fazendeiros, mataram eles, massacraram, uma coisa triste. Eles saem para caçar e os fazendeiros cercam e matam eles. Cadê a justiça do Brasil?”, questiona.

O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, participou de uma reunião em Campo Grande, no começo do mês, para mediar o conflito, e disse que o governo federal vai atuar nas negociações. Segundo Gonçalves da Costra, está sendo aberta uma mesa de negociações para definir terras indígenas a fim de evitar confrontos”, informou Costa.

Segundo o presidente da Funai, os estudos para as demarcações das terras indígenas vão continuar, e já foram reativados grupos de trabalho que estão indo a campo fazer o levantamento das áreas.

Edição: Maria Claudia

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