Município do Rio elege hoje conselheiros tutelares
Com quase cinco meses de atraso, já que a escolha deveria ter sido realizada em 4 de outubro do ano passado, o município do Rio de Janeiro elege neste domingo (28) os novos integrantes dos conselhos tutelares da cidade. Ao todo, são 436 urnas espalhadas em 171 escolas e o voto é facultativo, aberto a qualquer pessoa que tenha obtido seu título de eleitor até agosto de 2015.
São ao todo 16 conselhos tutelares no município do Rio, cada um formado por cinco representantes eleitos, que têm como função garantir os direitos das crianças e dos adolescentes vítimas de ameaças e violações. A eleição é organizada pelo Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente (CMDCA), com o apoio do Tribunal Regional Eleitoral do Rio de Janeiro (TRE-RJ).
A escolha dos novos conselheiros tutelares da capital fluminense deixou de ser realizada em 2015 a pedido do Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MPRJ), por problemas no sistema de votação eletrônica. O MPRJ exigiu também uma série de providências administrativas, entre elas a reorganização da comissão eleitoral do CMDCA. No último dia 22, essas exigências foram consideradas cumpridas pelo Ministério Público e o juiz Pedro Henrique Alves, da 1ª Vara da Infância, da Juventude e do Idoso da Capital, autorizou o pleito.
Na Escola Municipal Celestino da Silva, um dos locais de votação no centro do Rio, poucos eleitores compareceram durante a manhã. Eleitor em pleitos anteriores para o órgão, o auxiliar de contabilidade Marcos Carneiro Lopes, de 57 anos, disse que sempre votou por considerar a escolha popular dos conselheiros tutelares um exercício de cidadania.
“As pessoas têm que correr atrás daquilo que desejam para o seu país e para a sua vida de todo o dia. Eu acho legal o Conselho Tutelar, principalmente pelas crianças”, disse. Ele afirmou conhecer os candidatos da região e a atuação deles em favor da criança e do adolescente.
Outra eleitora, a advogada Danielle Araújo, de 34 anos, não conseguiu votar, por ter esquecido em casa a carteira de identidade. Apenas com o título de eleitor, ela teria que retornar à sua casa para buscar o outro documento exigido para sua primeira participação no pleito.
“Estou com um problema neurológico, com dificuldade de andar, e vai ficar difícil voltar aqui para votar”, lamentou. “Como advogada, já lidei com varas da Infância e da Juventude e acho importante o projeto dos conselhos tutelares”, disse.
Para o presidente da Associação Estadual dos Conselheiros Tutelares, Juarez Marçal, o baixo comparecimento se deve à falta de informação dos eleitores sobre o órgão e o pleito. “Infelizmente, as pessoas ainda não têm o necessário conhecimento da relevância dos conselhos tutelares. Quem acaba votando já é conhecedor ou usuário dos conselhos”, disse.
Na última eleição no município do Rio, em 2011, votaram cerca de 30 mil pessoas, menos de 1% do eleitorado da capital fluminense. “Só no último dia 22 é que foi batido o martelo para essa eleição, e em função disso não temos expectativa de um comparecimento muito maior do que o da eleição passada”, disse Marçal.
A estimativa da presidenta do Conselho Municipal, Deise Gravina, que assumiu o cargo em novembro passado, é de 36 mil votantes. No entanto, ela admitiu que o nível de participação pode surpreender. “Alguns lugares estão bem cheios, locais que em outros anos não tiveram tantos eleitores, e determinadas áreas estavam repletas hoje”, disse.
A votação termina às 17h e a apuração terá início às 20h, no Centro de Convenções Sul América, na Cidade Nova. Os resultados serão publicados amanhã (29) no site www.cmdcario.com.br .
* Colaborou Nanna Pôssa, repórter do Radiojornalismo