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Internacional

Alterações climáticas e calor estão dizimando oxigênio nos lagos

Dados estão em estudo de professores chineses e britânicos
Lusa*
Publicado em 25/03/2025 - 09:02
Madri
Tefé (AM), 18/08/2024 - Lago Tefé. Matéria Lagos na Amazônia maior média de temperatura para agosto. Foto: Adriano Gambarini/WWF-Brasil
© Adriano Gambarini/WWF-Brasil
Lusa

O aquecimento climático a longo prazo e a frequência crescente de ondas de calor a curto prazo estão reduzindo significativamente os níveis de oxigênio dissolvido (OD) nos lagos de todo o mundo.

Os ecossistemas de água doce requerem níveis adequados de oxigênio para sustentar a vida aeróbica e manter comunidades biológicas saudáveis.

Estudo publicado na Science Advances, liderado pelos professores Shi Kun e Zhang Yunlin, do Instituto de Geografia e Limnologia de Nanquim, da Academia Chinesa de Ciências, em colaboração com investigadores das universidades de Nanquim e de Bangor (Reino Unido), mostra os efeitos do aquecimento climático contínuo e da intensificação das ondas de calor nos níveis de OD à superfície em lagos de todo o mundo.

A equipe utilizou dados abrangentes e aplicou um modelo baseado em dados para analisar as variações de OD à superfície em mais de 15 mil lagos nas últimas duas décadas.

O estudo revela uma diminuição generalizada das concentrações de OD à superfície, com 83% dos lagos estudados apresentando desoxigenação significativa.

A taxa média de desoxigenação nos lagos excede a dos oceanos e rios, o que mostra a gravidade do problema, informou nessa segunda-feira (24) a agência Europa Press.

Os pesquisadores exploraram ainda mais o papel do aquecimento global e da eutrofização na determinação das concentrações de oxigênio dissolvido à superfície.

As descobertas indicam que o aquecimento global, ao reduzir a solubilidade do oxigênio, contribui com 55% da desoxigenação da superfície global.

Enquanto isso, o aumento da eutrofização é responsável por aproximadamente 10% da perda global total de oxigênio à superfície.

Foram também analisadas as tendências históricas nas ondas de calor, avaliando quantitativamente o seu impacto nos níveis de OD à superfície.

O estudo mostra ainda que as ondas de calor exercem efeitos rápidos e pronunciados na redução do OD da superfície, resultando numa redução de 7,7% em comparação com as condições climáticas médias.

Essas descobertas confirmam o profundo impacto das alterações climáticas nos ecossistemas de água doce, enfatizando a necessidade urgente de estratégias de mitigação e adaptação para preservar os ecossistemas lacustres em todo o mundo.

O estudo fornece informações cruciais para os líderes políticos e gestores ambientais que trabalham para combater a crescente ameaça da desoxigenação da água doce.

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