Cartas levam alegria e esperança para refugiados em São Paulo

Publicado em 20/06/2017 - 14:24 Por Fernanda Cruz - Repórter da Agência Brasil - São Paulo

Voluntários fizeram hoje (20), Dia Mundial do Refugiado, uma ação para recolher cartas com palavras de esperança para refugiados que estão no Brasil. A inciativa do Instituto Base Gêneses, que apoia mais de 200 famílias de sírios, palestinos, marroquinos, haitianos e nigerianos em São Paulo, foi realizada no saguão do Aeroporto de Congonhas.

Sheila Segalla, coordenadora do instituto, disse que as cartas escritas hoje com ajuda de tradutores serão entregues no final do feriado muçulmano do Ramadã, junto com cestas básicas. “Essas famílias estão em uma situação complicada. Largaram tudo o que tinham e, muitas das que chegaram ao Brasil, tinham boa condição financeira. Tem médicos, juízes, advogados, arquitetos que abandonaram suas carreiras e vidas por causa da guerra”, explica.

Cartas

Além das mensagens escritas na ação de hoje, alunos do Colégio Adventista pretendem entregar 2 mil cartas para os refugiados. Mariane Rocha, de 12 anos, emociona-se ao falar sobre o assunto. “É uma coisa que a gente precisa melhorar em todo o mundo. O desespero, o risco à vida, é tudo algo muito intenso, desesperador. Eu queria muito ajudar, eu sinto a dor deles. Não consigo ver uma reportagem sobre refugiados sem chorar”, disse a garota.

A estudante de jornalismo Vanessa Oliveira Marques, de 23 anos, mora em Florianópolis e estava de passagem pelo aeroporto de Congonhas, mas decidiu colaborar. “Falta amor. Então eu sempre procuro ajudar as pessoas refugiadas. Trabalho com dependentes químicos e, muitas vezes, encontro refugiados passando fome em Florianópolis. O mundo precisa de amor, que a gente transmita isso, independente de religião, raça, cor, sexo. Eu sou uma sonhadora, que sonha com dias melhores na vida deles [refugiados]”, disse ela.

Apoio

O instituto, que atende em maioria imigrantes árabes, foca no ensino do português. Os voluntários da organização "adotam" famílias, que são atendidas aos finais de semana, à noite, ou em horários que facilitem o encontro. Para Sheila, as atividades vão além do ensino do idioma, mas ajudam também a entender as diferentes culturas. “Quando eles recebem as cestas básicas, tem produtos que eles nunca viram, como feijão. A gente ensina a cultura brasileira, faz atendimento psicológico, médico e outras coisas”, explicou.

Salsbil Matouk, de 31 anos, é uma das atendidas pelo instituto. Há dois anos e meio, ela chegou da Síria com o marido e os três filhos pequenos. “Lá tem guerra, não tem vida, não tem comida, não tem nada. Eu ainda tenho criança, queria uma vida melhor”, disse. Salsbil quer, agora, ficar para sempre no Brasil e recomeçar sua vida.

“Não fui eu quem escolhi o Brasil, foi o Brasil que me escolheu. O Brasil foi quem deu visto, os outros países não dão. Aqui é um lugar bom, a gente espera um bom futuro”, disse ela. Apesar do otimismo com relação ao novo país, Salsbil lamenta a falta de oportunidades de emprego na sua área, a farmacêutica. “A gente não consegue trabalho na área. Eu vendo comida, meu marido está desempregado”, contou.

Edição: Amanda Cieglinski

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